Siga a folha

Roteirista. Escreve para programas e séries da Rede Globo.

Condomínio Penthouse

Diariamente, moradores da periferia são acuados, espancados e mortos pela polícia

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Com suas piscinas nas sacadas, uma para cada andar, o Condomínio Penthouse ficou famoso por fazer fronteira com a comunidade de Paraisópolis. Além de ser ícone do pior da arquitetura paulistana —e a concorrência é alta—, o prédio se tornou um dos maiores símbolos do abismo social em São Paulo. 

Com a péssima fama, é provável que alguns milionários tenham abandonado o imóvel, o que justifica a quantidade de piscinas esverdeadas na foto aérea. Mas, mesmo se demolissem o edifício, o que não seria uma má ideia, São Paulo continuaria com seus inúmeros Penthouses imaginários.

Se de um lado temos a São Paulo capital cultural e gastronômica, do outro vemos jovens de regiões pobres com poucas opções de lazer, usando o tempo livre para dançar em bailes funk.

Bairros nobres, como Pinheiros e Vila Madalena, lideram o número de reclamações por conta do barulho.

Mas o governo cria operações como Pancadão e Noite Tranquila para reprimir festas na periferia. Como aconteceu em Paraisópolis, responsável por apenas 0,64% das ocorrências.

Jovens da classe média alta fazem uso livre de maconha e drogas sintéticas, como MDMA, que até ganhou música e carinhoso apelido de Michael Douglas. Mas, para as autoridades, lugar de traficante e drogado é na favela. E invade eventos da periferia atirando bombas de gás, balas de borracha e dando golpes de cassetete em inocentes.

O filho do governador João Doria organiza festa de aniversário com fonte de jardim de Catuaba e show de funkeiro cantando “sou da favela, ela é do asfalto”. Já seu pai define os pancadões como um “cancro que destrói a sociedade”.

Esse mesmo governador se gaba dizendo que a polícia de São Paulo é a mais preparada, equipada e bem informada. Mas releva quando nove jovens de Paraisópolis são assassinados pela polícia enquanto se divertiam dançando.

Diariamente, moradores da periferia são acuados, espancados e mortos pela polícia. Do outro lado, vemos uma classe média e alta que acha normal a vida do negro e pobre da favela ser assim. E que, em troca de uma falsa sensação de segurança, do alto das sacadas de seus condomínios Penthouses imaginários, autoriza a barbárie.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas