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Engenheiro com especialização em finanças e MBA na universidade Columbia, é presidente do instituto Mises Brasil.

Reflexões natalinas

Devemos romper o ciclo do mal em vez de retaliar a ofensas; o amor tudo suporta

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A ciência evoluiu muito nos últimos dois séculos, mas perguntas fundamentais permanecem. Como viver uma boa vida? O que é o justo? Qual é meu propósito? Como ser virtuoso? Por meio da arte, da literatura e das ciências humanas, buscamos compreender tais questões fundamentais.

A atual geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) se ocupa principalmente da busca da verdade pessoal e comunitária.

No Brasil, a geração Z já corresponde a 20% da população. São jovens que buscam propósito, se mobilizam em causas e têm desapego material mais pronunciado que as gerações anteriores. O que importa no consumo é o acesso, e não a posse material.

Enquanto o sonho de minha geração X (nascidos entre 1965 e 1980) era seu primeiro carro, a geração Z não faz questão e prefere aplicativos de mobilidade.

A atual geração, portanto, pode apreciar aquilo que Edmund Burke denominava “imaginação moral”, uma espécie de percepção ética que nos informa sobre dignidade e virtude, tanto interior quanto em sociedade.

Essa imaginação moral é depreendida diretamente por estórias que transmitem aquilo que T. S. Eliot denominava de “coisas permanentes”. Por meio de analogias e alegorias, os grandes clássicos transmitem a lição sobre o que é ser verdadeiramente humano.

A maior estória de todos os tempos, que sobreviveu ao cruel teste de dois milênios e cativou meio mundo, é a de Jesus Cristo, cujo nascimento se celebra hoje. Há em circulação mais de 5 bilhões de exemplares da Bíblia, mais de dez vezes a circulação de “Dom Quixote”, o livro não religioso mais vendido.

Não convém descartar a totalidade dessa sabedoria preservada sob o rótulo de puro misticismo. Afinal, a Bíblia é o documento que funda os valores e concepções de moral que caracteriza a civilização mais bem-sucedida da história humana, a que chamamos de Ocidental.

A Bíblia é considerada anacrônica, pois reflete valores de outrora. Sem dúvida costumes foram alterados, mas não a natureza humana. Em todos os tempos e lugares, o ser humano elabora regras, leis e costumes. Há sempre um sistema moral, ordenando o legítimo e o ilegítimo.

A estória de Jesus vai além das regras sociais e descreve o caminho ideal para nossa jornada individual. Sua mensagem nos auxilia a alcançar algo mais precioso que a felicidade, que, em razão da natureza de nossa existência, tende a ser fugaz e momentânea.

Mais preciosa e, para muitos, inacessível é a paz interior. Esta é perturbada em razão de atitudes das quais não nos orgulhamos em seguir tomando, ou ao não sabermos lidar adequadamente com o mal dentro de nós. 

Jesus representa o Bem Absoluto, aquilo que devemos buscar ser sem jamais conseguir. É o norte de nosso propósito e potencial, e nenhuma outra autoridade além do Bem Absoluto é aceitável. Sua recomendação principal é o amor. Sua estória ensina que esta jornada depende de nossa iniciativa, de nosso livre arbítrio para errar e aprendermos a ser melhores, a lidar com nosso mal e confiar na bondade de nossos corações.

Como a geração Z percebeu, nosso propósito deve prevalecer sobre o apego por riquezas na Terra. Porém, sinalizar virtude bradando tolerância e compaixão em troca de curtidas nas redes sociais não é propriamente virtude. 

Outra lição atual é que o ato de caridade, se propagandeado, é hipócrita e nulo. Deve se dar por meio de seu próprio esforço e posses, não por recursos de terceiros direcionados por um político.

Finalmente, a lição mais revolucionária de Jesus é a de oferecer a outra face em lugar de evocar o “olho por olho, dente por dente”. Devemos romper o ciclo do mal em vez de retaliar a ofensas. O amor tudo suporta. Feliz Natal!

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