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Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

Vivendo na era dos vazamentos

Inconfidências de autoridades se revestem de inegável interesse público

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Não posso dizer que esteja 100% seguro, mas o fato de não possuir um celular reduz o risco de eu ser flagrado num comentário comprometedor. Minhas comunicações são essencialmente por email e me policio para não escrever nada que não possa ser publicado.

Como a maioria dos humanos não é tão tecnologicamente frugal e ainda se deixa levar pela falsa sensação de segurança proporcionada por um objeto tão íntimo quanto o próprio celular, passamos a viver num mundo assombrado por vazamentos de conversas concebidas para permanecer privadas, com efeitos potencialmente devastadores.

E não me refiro só ao noticiário sobre os suspeitos de ter invadido os celulares da turma da Lava Jato e de outras autoridades brasileiras, incluindo Bolsonaro. Milhares de quilômetros ao norte, o governador de Porto Rico acaba de renunciar porque o teor politicamente incorreto de mensagens que trocou com auxiliares veio a público.

Poucos seres humanos resistiriam a mais do que algumas horas de transparência total. Atire a primeira pedra quem nunca fez uma piada inconveniente ou revelou sentimentos que deveria ter reprimido? Só sobrevivemos porque, ao menos até há pouco, a maior parte dessas situações não deixava registro permanente. Celulares, redes sociais e hackers estão mudando isso.

Devemos, então, tentar recuperar a privacidade perdida e passar a ignorar vazamentos de conversas particulares? Até sou simpático a uma atitude dessas para deslizes de cidadãos comuns, mas tendo a ser mais rigoroso no caso de autoridades. Por vezes, suas inconfidências se revestem de inegável interesse público.

Cito dois exemplos: a conversa entre Dilma e Lula, na qual ela diz que o nomearia ministro, e a troca de mensagens entre Moro e Dallagnol. Nos dois casos, temos informações obtidas de modo ilegal, mas cuja divulgação tornou a sociedade mais consciente a respeito de questões importantes.
 

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