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Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

Descrição de chapéu Rússia

Guerras ficaram menos letais, mas mais duradouras

Para que não haja mais guerras, devemos travá-las como animais

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Para que não haja mais guerras, devemos travá-las como animais, sem fazer prisioneiros e sendo tão cruéis quanto possível com o inimigo. Chocante? Hoje, sem dúvida, mas esse tipo de raciocínio era relativamente comum até o início do século 20. Ele está presente, por exemplo, nas reflexões que Leon Tolstói põe na boca do príncipe André, um dos protagonistas de "Guerra e Paz".

É verdade que, à medida que Tolstói foi se tornando um fanático religioso, também foi abraçando um pacifismo que soa menos paradoxal a nossos ouvidos modernos. Mas talvez o príncipe André não estivesse tão errado assim.

Ilustração de Annette Schwartsman para a coluna de Hélio Schwartsman publicada neste domingo (13.mar) na Folha. Crédito: Annette Schwartsman - Annette Schwartsman

"Humane" (humanitário), de Samuel Moyn (Yale), mostra como os esforços para disciplinar a guerra, tornando-a menos letal, acabaram modificando-a —e de um jeito que talvez não seja o melhor. Enquanto alguns ativistas, tidos por românticos irrealistas, insistiam que era preciso tornar as guerras um crime, os pragmáticos diziam que, dada a inevitabilidade dos conflitos, o melhor a fazer é definir alguns crimes de guerra e tentar bani-los. Especialmente após a Primeira Guerra, a visão do segundo grupo preponderou, e os conflitos foram se tornando, no papel, cada vez mais regulados.

O governo e os militares americanos (o livro é principalmente sobre os EUA) abraçaram a causa. Mesmo quando estavam dispostos a violar as regras, mobilizavam divisões de advogados para tentar justificar coisas como "waterboarding", prisões sem acusação etc. Houve também consideráveis avanços tecnológicos. Unidades de operações especiais e drones substituíram infantarias e bombardeios.

O resultado é que as guerras, agora menos letais, se tornaram ubíquas e mais duradouras. Os EUA hoje se dão o direito de eliminar "terroristas" em qualquer país e a qualquer tempo. Operações tipicamente policiais são executadas sob a rubrica e as leis da guerra, o que representa um retrocesso em termos de direitos humanos.

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