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Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

Livro faz retrato humano de monstro nazista

'The Ratline' conta a história de Otto Wächter, que governou territórios da Polônia e da Ucrânia

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Duas semanas atrás falei aqui do livro "East-West Street", de Philippe Sands. Poucas horas após a publicação da coluna, três amigos cuja opinião respeito muito me escreviam para recomendar uma segunda obra de Sands, "The Ratline" (o caminho dos ratos), que devorei.

"The Ratline" conta a história de Otto Wächter, que governou territórios da Polônia e da Ucrânia na ocupação nazista. Wächter foi acusado de crimes contra a humanidade, mas conseguiu fugir. Passou três anos perambulando pelos alpes austríacos e depois desceu para Roma onde, com o apoio de hierarcas do Vaticano e beneplácito dos EUA, se preparava para fugir para a Argentina. Em julho de 1949, morreu na capital italiana sob circunstâncias suspeitas.

Ilustração de Annette Schwartsman para a coluna de Hélio Schwartsman deste domingo (1º de maio) na Folha - Annette Schwartsman

Sands transforma o que poderia ser uma árida investigação sobre a fuga de um nazista num daqueles livros que você não consegue largar, com pitadas de romance, mistério e espionagem. Impressionou-me a sensibilidade de Sands. O autor, que é judeu, tinha razões para odiar Wächter. Ainda assim, ele consegue traçar um retrato muito humano do nazista, notadamente sua história de amor com a mulher, Charlotte, que o ajudou na fuga.

Igualmente tocante é a relação que Sands desenvolveu com Horst Wächter, o filho de Otto, que lhe franqueou grande parte do material de pesquisa. Horst certamente condena o nazismo, mas, numa espécie de defesa psicológica, está convencido de que o pai não é um monstro e que tentou, à medida de suas forças, diminuir o sofrimento de civis. Ele martela essa tese apesar das muitas evidências em contrário, o que em vários momentos se torna frustrante para Sands. Ainda assim, eles desenvolvem um relacionamento que, se não é de amizade, é de grande respeito mútuo.

É legal ver esse tipo de tolerância em tempos em que basta um clique para rotular pessoas como nazistas, fascistas, comunistas nas redes sociais.

PS – Dou três semanas de folga ao leitor.

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