Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Hélio Schwartsman

Os cientistas e a ética

Os que conhecemos a história, sabemos que o chamado equilíbrio do terror funcionou

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Cientistas se comportam melhor do que não cientistas diante de problemas éticos? Nunca tantos cientistas foram submetidos a tantos dilemas morais em tão curto espaço de tempo como no Projeto Manhattan (PM), que criou as primeiras bombas atômicas. E eu não diria que eles tenham destoado muito do resto da humanidade.


O principal argumento para arregimentar os pesquisadores é que os EUA precisavam desenvolver essa arma antes de Hitler —um argumento forte, especialmente quando se considera que um número significativo das cabeças pensantes envolvidas no PM era de físicos judeus que fugiram do nazismo. Mas, quando, em novembro de 1944, ficou óbvio que a Alemanha não chegara nem perto de fabricar a bomba, um único indivíduo, Joseph Rotblat, se retirou do PM. Todos os demais continuaram.

Cabeça de homem explode
Ilustração de Annette Schwartsman - Annette Schwartsman


Os cientistas se saíram um pouco melhor em relação ao bombardeio de cidades japonesas. Não conseguiram impedi-lo, mas ao menos desenhou-se uma reação, liderada por James Franck e Leo Szilard. Eles achavam que, antes de lançar as bombas sobre cidades, os EUA deveriam fazer uma demonstração de seu poder e dar aos japoneses a oportunidade de render-se. O lançamento da segunda bomba sobre Nagasaki despertou objeção ainda mais vívida dos cientistas. Não obstante, alguns deles, encabeçados por Edward Teller, insistiram em desenvolver a bomba de fusão nuclear, muito mais poderosa que os artefatos de fissão e praticamente sem serventia tática.


Tirei essas informações do excelente "Robert Oppenheimer", a monumental biografia que Ray Monk escreveu do cientista americano que liderou o PM.


Nós, que temos o benefício de conhecer a história, sabemos que o chamado equilíbrio do terror funcionou, evitando a guerra nuclear entre EUA e URSS. Mas, para quem viveu esse período como presente, não como passado, a perspectiva de que o fim do mundo estava próximo era assustadoramente real.

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