Siga a folha

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

Precisamos de mais mulheres no Parlamento?

Sistema proporcional de lista aberta é barreira para ampliação

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Precisamos de mais mulheres no Parlamento? Minha resposta é "depende". Não teria nada contra um Legislativo mais feminino e, no último pleito, meus votos foram para duas deputadas. Mas acho importante destacar que a posse de dois cromossomos X não é garantia de qualidade. Um Congresso coalhado de Damares e Michelles, por exemplo, embora inegavelmente feminino, seria pior que o atual, pois nos aproximaria de uma teocracia, o que, para mim, é um dos piores mundos possíveis.

Nem sempre concordo com Platão, mas ele tinha razão ao afirmar que as diferenças entre os sexos não são muito relevantes, especialmente na política (e ele disse isso para justificar que mulheres tivessem em sua República acesso aos mesmos cargos de comando que os homens, posicionamento incomum no patriarcado do século 4° a.C.).

Eleição das coordenadoras da bancada feminina da Câmara dos Deputados, em Brasília - Michel Jesus/ Câmara dos Deputados

Não escrevo, porém, para enaltecer o "protofeminismo" (com muitas aspas) de Platão, mas para discutir o que, a meu ver, é uma das barreiras à ampliação da representação feminina nas câmaras e assembleias no Brasil: o sistema proporcional de lista aberta.

Na maioria dos países que se valem do sistema proporcional, o eleitor vota numa lista fechada e preordenada de candidatos, elaborada pelo próprio partido. A soma dos votos define quantas cadeiras cada agremiação conquistará. No Brasil, o eleitor tem muito mais poder. Ele não só determina, pela legenda escolhida, quantos deputados cada partido fará mas também ordena, pelo voto nominal, o lugar de cada candidato na lista.

Se adotássemos a lista fechada, corrigir a sub-representação feminina seria simples. Bastaria estabelecer que as listas alternem nomes femininos e masculinos. Em uma eleição chegaríamos aos 50%. Mas a opção do nosso constituinte foi por dar poder total ao eleitor. É uma escolha legítima, mas que vem com uma série de efeitos colaterais, alguns positivos, outros negativos. Democracia é complicada mesmo.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas