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Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

O bolsominion dos gramados

Felipe Melo joga à moda bolsonarista. Age como se a violência fosse solução

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Felipe Melo recebeu o 15º cartão nesta temporada: 14 amarelos e o vermelho contra o Bahia.

Só no Campeonato Brasileiro, com 14 rodadas disputadas, ele tomou sete amarelos, além do vermelho, em 10 jogos, completando 55 cartões em 118 partidas desde sua chegada ao Palmeiras, em 2017, média espantosa de 1 cartão a cada 2 jogos

Os números são do "Espião Estatístico", do Globo Esporte.

O palmeirense está a um cartão vermelho de chegar aos 20 na carreira —na esteira da violência e indisciplina que marcam sua trajetória, principalmente na Europa.

Bem ele que, ideologicamente, deveria odiar o vermelho, mas odeia as canelas e os rostos dos adversários, a exemplo do ex-capitão presidente, tratados como inimigos.

Há, é fato, diferença significativa entre Melo e Messias: o volante sabe o que fazer com a bola e o político não tem a menor ideia do que fazer com o poder.

O estilo dos dois se assemelha, assombra, estimula e divide tanto a gente alviverde quanto os brasileiros em geral.

Indisciplina para ambos é fichinha, um tantas vezes expulso de campo ou suspenso por cartões, outro preso e praticamente também expulso do Exército.

Felipe largou o país na mão quando, na Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, com a seleção brasileira perdendo para a Holanda por 2 a 1, pisou em Robben e deixou o time com dez jogadores.

Jair fugiu dos debates na campanha eleitoral.

Felipe Melo celebra após marcar na partida entre Palmeiras e Godoy Cruz pela Copa Libertadores - Andres Larrovere - 23.jul.2019/AFP

Jogar à moda bolsonarista tem causado desconfiança na torcida alviverde, embora haja os que o venerem, provavelmente intoxicados pela constante presença do presidente na arena alviverde e, também, pelo jeito Felipão de ser.

Do mesmo modo, dois terços do Brasil já não sabem mais o que fazer diante das investidas escatológicas do ex-militar.

Bolsonaro parece não ter saído ainda da fase anal, tamanha sua insistência com brincadeiras sexuais, grosseiras, com seus troca-trocas, reveladoras do medo explicado por Freud e deveria constranger ministros como o justiceiro Sergio Moro e o desmatador Ricardo Salles que, no entanto, agem como dóceis soldadinhos.

Não é outro o comportamento dos companheiros de Felipe Melo diante das felipemeladas, subservientes à barbicha bizarra e à munhequeira trazida no pulso sob a justificativa de secar o suor, mas, na verdade, útil como eventual proteção para os dedos no caso de precisar distribuir socos em vez de passes.

Passes distribuídos, diga-se, com enorme competência.

Felipe Melo ainda tem a seu favor, ao menos, um discutível balanço que não favorece Jair Bolsonaro: o chamado custo-benefício.

Se ele tem deixado o Palmeiras em má situação ao não participar de jogos decisivos, ou por ser responsável por perda de pontos como no caso recente contra o Bahia, é inegável que tem liderado o grupo em vitórias importantes.

Bolsonaro não tem agregado coisa alguma, a não ser o bestialógico diário com que inebria seu eleitorado ignorante por falta de conhecimento ou excesso de má fé, seja a propriamente dita, seja a neopentecostal.

É lamentável constatar um talento desperdiçado como o do meio-campista palmeirense.

Assim como é triste ver o Brasil embarcado no obscurantismo imposto por uma gente surgida das catacumbas, mas fruto das urnas.

Quem acompanha o futebol sempre soube quem é Felipe Melo.

Quem observa a política desconhecia este Brasil odiento.

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