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Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri

Filme '45 do Segundo Tempo' é uma ode ao Palmeiras

Na verdade, uma declaração de amor ao futebol, à vida, ao futuro, um filmaço

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​"45 do Segundo Tempo" é o nome do filme dirigido por Luiz Villaça, palmeirense de sangue verde, daquelas obras de arte que provocam risos e lágrimas, porque divertem, emocionam e fazem pensar.

Villaça conseguiu a proeza de reunir três atores, Tony Ramos, Cassio Gabus Mendes e Ary França, como se formassem um trio ao estilo de Ademir da Guia, Dudu e César, para os mais velhos, ou Raphael Veiga, Dudu e Weverton para os mais moços.

Mas poderiam ser também Pelé, Coutinho e Pepe, Sócrates, Casagrande e Wladimir, ou Leônidas da Silva, Raí e Rogério Ceni, embora não seja um filme só sobre futebol.

É muito mais, porque sobre a amizade, a fé e a falta da fé, e sobre, segundo o escritor argelino Albert Camus, a única questão realmente relevante na filosofia: o suicídio.

O são-paulino Tony Ramos faz um palmeirense tão perfeito como só ele seria capaz, assim como Bruno Gagliasso fez o delegado torturador no filme "Marighella".

Tony Ramos, que vive um palmeirense no filme "45 do segundo tempo", de Luiz Villaça - Divulgação

Também tricolor, Gabus Mendes está exuberante, ao lado de mais um tricolor, Ary França, no papel de padre corintiano que dá verdadeiro show ao tomar um porre homérico e botar em dúvida sua fé em Deus.

Se o futebol imita a vida e vice-versa, Villaça goleia ao expor quão verdadeira é a comparação.

Se não bastasse, duas atrizes excepcionais, como Denise Fraga e Louise Cardoso, pontuam como protagonistas em curtas, porém preciosas, participações especiais.

A cantina Baresi, homenagem a um dos maiores zagueiros da história do futebol, o italiano Franco Baresi, está falida, e o dono, encenado por Tony Ramos, disposto a se suicidar assim que o Palmeiras for campeão do Campeonato Brasileiro, nas derradeiras rodadas, com o Corinthians na dianteira e o Palmeiras em perseguição direta.

Gabus Mendes, no papel de muito bem-sucedido advogado, vive às voltas com o fim do casamento e atormentado por descobrir ser gay o filho único.

Denise Fraga, no papel de sua mulher, vive cena antológica ao descascar uma mexerica. Sim, uma cena antológica ao descascar uma mexerica.

O padre, virgem como têm de ser os padres, em crise de fé e disposto a perder a virgindade.

Contar mais seria estragar prazeres, e o melhor será indicar à rara leitora e ao raro leitor que não deixem ver o filme, no circuito a partir do próximo dia 12 de maio.

Mas ainda é possível dizer que os três amigos, depois de quatro décadas sem se encontrar, resolvem reviver os tempos de ginasiais do colégio Dante Alighieri e viajam para Areado, pequena cidade mineira a 343 quilômetros de São Paulo. Lá esperam reencontrar a colega de escola Soninha, papel de Louise Cardoso, certos de que a verão tão desejável como antes.

De certa forma não será exagero dizer que o filme de Vilaça fecha uma trilogia iniciada por "Boleiros", do também palmeirense Ugo Giorgetti, e continuada por "O casamento de Romeu e Julieta", de Bruno Barreto, que não torce por time nenhum nem liga para futebol.

Filmes que tornaram inesquecíveis o ator Otávio Augusto no papel de árbitro e Luis Gustavo como o pai alviverde de Julieta.

Agora, "45 do Segundo Tempo" eternizará Tony Ramos no papel de Pedro Baresi.

Giorgetti, Barreto e Villaça formam outro trio formidável nesta dura empreitada de manter alto o nível do cinema brasileiro.

O Palmeiras será campeão? Pedro Baresi se suicidará?

Dia 12 de maio num cinema perto de você

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