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Diretor da Sucursal de Brasília, foi correspondente em Londres. Vencedor de dois prêmios Esso.

Com morte de miliciano, perguntas sobre família Bolsonaro podem ficar sem respostas

Sobram pontos de interrogação sobre o envolvimento do clã com Adriano da Nóbrega

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A morte do ex-PM Adriano da Nóbrega, apontado como chefe de uma das principais milícias do Rio, pode deixar sem respostas uma série de perguntas sobre suas relações nebulosas com a família Bolsonaro. 

A prisão de um dos homens mais procurados do país era importante para esclarecer o esquema das "rachadinhas" no gabinete de Flávio Bolsonaro, filho do presidente da República, nos tempos de deputado na Assembleia do Rio.

Hoje senador, Flávio empregou até novembro de 2018 a mãe e a mulher de Nóbrega. Na época da exoneração, cada uma ganhava um salário de R$ 6.490,35. A mãe do miliciano, Raimunda, repassou dinheiro para Fabrício Queiroz, policial aposentado e homem de confiança dos Bolsonaros há mais de 30 anos.

Queiroz recebeu R$ 92 mil em 18 depósitos feitos em uma agência próxima a um restaurante de Raimunda e na mesma rua onde seu filho também tinha negócio. Segundo o Ministério Público, contas controladas por Nóbrega abasteciam Queiroz. 

Adriano Magalhães da Nóbrega, morto neste domingo na Bahia - Divulgação/Polícia Civil

As autoridades investigam Flávio e Queiroz pela suspeita de integrarem um esquema de lavagem e ocultação de bens. Funcionários do gabinete de Flávio repassariam parte dos seus salários ao policial aposentado. 

Sobram pontos de interrogação sobre o envolvimento da família Bolsonaro com o miliciano. Em 2005, por exemplo, então deputado federal, Jair Bolsonaro usou a tribuna para elogiar Adriano da Nóbrega e criticar as acusações de dentro da polícia contra ele. 

Segundo Bolsonaro, Nóbrega era um "brilhante oficial" e estava sendo injustiçado em um caso de homícidio de um guardador de carro. 

Como deputado estadual, Flávio homenageou o ex-PM duas vezes. Em 2003, disse que o hoje miliciano morto desenvolvia sua função pública com "dedicação, brilhantismo e galhardia". Dois anos depois, concedeu a ele a Medalha Tiradentes. 

Até ser morto neste domingo em uma cidade da Bahia, o foragido Nóbrega era acusado de ligação com homicídios e de comandar a milícia de Rio das Pedras. É também suspeito de ligação com a morte de Marielle Franco.

Por que Flávio exaltava tanto o ex-policial e empregava seus parentes? O que levou Jair Bolsonaro a gastar tempo na tribuna para defendê-lo com tanta garra? Por que a mãe do miliciano mandou dinheiro para Queiroz? 

Com a morte de Nóbrega, essas perguntas podem nunca mais serem respondidas.

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