Siga a folha

Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

Inspirada em podcast, 'Homecoming' funde Julia Roberts, Hitchcock e 'Mr. Robot'

Diretor Sam Esmail trata neuroses com sobriedade e elegância em suspense da Amazon

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Alfred Hitchcock soltaria um sorriso satisfeito ao assistir "Homecoming", suspense cuidadosamente cerzido pelo diretor Sam Esmail ("Mr.Robot") que marca a estreia de Julia Roberts em uma série televisiva, no ar pelo Amazon Video.

Ao adaptar para a TV o que nasceu como um elogiado podcast serializado, Esmail, 41, emprestou do diretor britânico (1899-1990) a estética sóbria e o enquadramento obsessivamente preciso; o uso capital da música para conduzir a história e seus sustos e o perene estado de confusão psíquica dos protagonistas.

Porque partiu de um podcast, Esmail também cita como referência "A Conversação" (1974), de Francis Ford Coppola, que revolve em torno de gravações de diálogos.

A história em "Homecoming", algo como "acolhida" ou "volta para casa", porém, vagueia por outro universo, um que Esmail visitara em "Mr. Robot": as peças que a imaginação, a memória, o estresse e a rotina nos pregam.

O thriller, que já garantiu nova temporada, trata de uma unidade de acolhida para veteranos de guerra que precisam se readaptar à sociedade.

Julia Roberts interpreta a terapeuta Heidi, que conduz o processo. Stephan James, que participou do bonito "Selma" (2014), é o militar traumatizado Walter Cruz, pelo qual a terapeuta desenvolve afeto.

Como em "Mr. Robot", o vilão é uma grande corporação, a Geist, que camufla o que ocorre em seu programa. Aos poucos, percebe-se a que propósito o complexo encravado na Flórida serve.

A cara humana da firma é a do cativante Bobby Cannavale ("Will and Grace" e "Boardwalk Empire"), que faz de seu Colin Belfast um quase-maníaco a assombrar a personagem de Roberts com demandas ininterruptas ao telefone.

Ignorando a muleta dos flashbacks, o enredo se desenvolve em dois planos: um em 2018, em que Heidi é terapeuta; outro em um futuro próximo indeterminado, no qual ela vive com a mãe (nada menos que Sissy Spacek) em uma cidadezinha genérica e trabalha como garçonete.

No último, seu passado e o da Geist são investigados pelo burocrata Thomas Carrasco (Shea Whigham, também de "Boardwalk Empire" — o elenco tem ainda Alex Karpovsky, de "Girls"). Os nomes, com Esmail, são sempre sugestivos (como Heidi, nome de origem alemã que em inglês é foneticamente igual ao verbo "to hide", esconder).

Enquanto alguns diretores e roteiristas espalham suas obsessões por maneirismos, reviravoltas e extravagâncias com maior ou menor sucesso, Esmail se sobressai pela sobriedade e elegância com que trata suas neuroses.

Sua preocupação em conduzir a série por meio dos diálogos e da música, para remeter ao formato de podcast, não diminui o apuro estético forjado de um vasto repertório, algo que rareia em um ciclo televisivo no qual todos querem ser gênios a inventar a roda.

Com Micah Bloomberg e Eli Horowitz,  seus corroteiristas e criadores do podcast (disponível nos aplicativos da Apple e do Android), ele quer só contar bem uma história intrigante.

Os dez episódios de “Homecoming”, de meia hora cada um, estão disponíveis na Amazon Video desde o início deste mês. 

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas