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Mestre em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina e doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP.

Descrição de chapéu Rússia

Seu candidato à Presidência apoia a Ucrânia?

Os dois à frente nas pesquisas não apoiam, e isso é preocupante

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A sorte é que o eleitor brasileiro não liga a mínima para política internacional. Sorte pra Lula e Bolsonaro, porque para sociedade brasileira é um azar desgraçado. Bolsonaro é fã de Putin. Foi lá visita-lo pouco antes da invasão da Ucrânia e disse ser solidário à Rússia. Até hoje, é exceção entre os governantes de democracias liberais, que condenam a invasão. Mas o que esperar de um presidente da República que elogia torturador e sente saudades dos tempos da ditadura?

Curioso é o caso do opositor à esquerda que se arvora a salvador da democracia. Em entrevista concedida à revista Time, Lula disse que Zelensky, presidente da Ucrânia, "quis a guerra" e que "as pessoas estão estimulando o ódio contra o Putin". Ora, dizer que a Ucrânia quis a guerra é como dizer que a Polônia quis ser invadida por Hitler: um disparate.

Não parou por aí. Lula disse que Zelensky está "se achando o rei da cocada", que o apoio internacional dado à Ucrânia só estimula esse narcisismo do presidente ucraniano. Não consigo pensar em comentário mais imoral do que insinuar que um presidente em pleno país invadido —com crimes de guerra sendo praticados pelo inimigo contra o povo que ele governa e deve proteger —está se regozijando com a atenção recebida. Seria pedir muito que se tenha o mínimo de respeito por essa terra arrasada,
por esse povo dizimado?

Muita gente diz que o apoio de Lula e do PT à Rússia, Venezuela e Cuba não é relevante, afinal, o que merece atenção são os nossos problemas internos e, claro, "salvar o Brasil". Porém isso é o mesmo que dizer que a adoração de Bolsonaro pela ditadura não importa. Claro que importa. É questão de princípio moral do sujeito, base que sustenta suas ideias e ações. Representa a visão sobre o que é o ser humano e como ele deve ser tratado. No caso, visões bastante objetificadoras, e não há nada mais imoral do que tratar humanos como objetos. Se isso não é importante na hora de escolher um candidato, não sei mais o que poderia ser.

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