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Resolvido o mistério do número 42

Todo inteiro positivo pode ser escrito como soma de nove cubos perfeitos

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O teorema de Waring-Hilbert, formulado por Edward Waring (1736–1798) em 1770 e provado por David Hilbert (1862–1943) em 1909, afirma —entre outras coisas— que todo inteiro positivo pode ser escrito como soma de nove cubos perfeitos. Isto é, nove números da forma a3 em que a é um inteiro positivo ou zero.

Em alguns casos, dá para usar menos cubos: por exemplo, 10 = 13+13+23. Mas certos inteiros realmente precisam de nove, por exemplo, 23 = 13+13+13+13+13+13+13+23+23. E se considerarmos também cubos de inteiros negativos? Por exemplo, então podemos escrever 23 usando apenas quatro cubos: 23 = (-1)3 + 23 + 23 + 23.

Resulta que com negativos o problema se torna muito mais difícil. Nem sequer sabemos quais são os inteiros que podem ser escritos como a soma de três cubos, apesar de esta pergunta ter sido muito estudada desde os anos 1950, quando o algebrista Louis Mordell chamou a atenção para ela.

Todo inteiro positivo pode ser escrito como soma de nove cubos perfeitos - Flickr

Mordell (1888–1972) pesquisava as equações diofantinas, e conseguiu avanços profundos na direção de provar o teorema de Fermat. Uma de suas ideias principais, a conjectura de Mordell, foi provada em 1983 pelo alemão Gerd Faltings, o qual foi distinguido com a medalha Fields —o maior prêmio da matemática—, em 1986 por esse feito.

Sabemos que para que um inteiro seja a soma de três cubos, o resto da sua divisão por 9 não pode ser 4 nem 5. Por exemplo, como o resto da divisão de 23 por 9 é igual a 5, não podem existir inteiros a, b e c tais que 23 = a3 + b3 + c3.

O que não sabemos é a volta, ou seja, se todos os inteiros N cujo resto da divisão é diferente de 4 e 5 são somas de três cubos. Até pouco tempo atrás, isso era desconhecido até para números pequenos. O caso N=33 foi resolvido em 2019 pelo professor Andrew Booker, da Universidade de Bristol, o qual precisou de três semanas de cálculo num supercomputador para encontrar a solução.

Isso deixou N=42 como o único caso abaixo de 100 não resolvido até então. A solução foi encontrada alguns meses depois, em colaboração com o professor Andrew Sutherland, do MIT. Após mais de um milhão de horas de cálculo numa rede de 500 mil computadores domésticos interligados (!), descobriram que 42 é igual à soma dos cubos dos inteiros a = –80538738812075974, b = 80435758145817515 e c = 12602123297335631. O tamanho desses números mostra bem como o problema se torna complicado!

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