Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado
Sem guerra com Huawei, 5G traz boas perspectivas para investidores
No Brasil, turma do 'deixa disso' ganhou como porta-voz o vice-presidente, Hamilton Mourão
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O leilão do 5G está na pauta do governo federal e, definitivamente, deveria estar na cabeça dos investidores. Com a derrota de Donald Trump nos Estados Unidos, é de se esperar que a discussão sobre o uso ou não dos equipamentos da chinesa Huawei deixe o protagonismo da discussão.
A “turma do deixa disso”, aliás, ganhou como porta-voz o vice-presidente, Hamilton Mourão. Nesta semana, ele discursou dizendo que se os equipamentos da gigante chinesa forem proibidos, a conta sairá cara para o consumidor.
É um problema como o da bitola dos trens: como grande parte da infraestrutura das redes 2G, 3G e 4G usam equipamentos da Huawei, proibi-los no 5G vai obrigar as operadoras a começarem do zero. O que for custo para as operadoras vem na conta para os consumidores.
Isso (além da pressão das operadoras) explica por que a área técnica da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) não colocou restrições à tecnologia chinesa na proposta para o edital do tão esperado Leilão do 5G, noticiada no último dia 2.
Superado esse ponto dentro da agência, a ameaça ao planejamento das teles, ao que parece, só poderá vir de um decreto do presidente Jair Bolsonaro banindo a Huawei. O custo dessa canetada para o mercado de ações é enorme. O Ibovespa acaba de passar dos 110 mil pontos (impensáveis em abril). Tal interferência seria mal vista por qualquer investidor.
Por ser uma medida que fecha o mercado, qualquer atitude nesse sentido teria impacto muito maior do que a recente decisão de zerar o imposto para importação de revólveres e pistolas, por exemplo. Nesse caso, o abalo foi sentido na Bolsa somente nos papéis da única fabricante de armas presente na Bolsa brasileira, Taurus Armas. Seus papéis (TASA3) caíram coisa de 9% em seis horas.
Voltando ao 5G, como a proposta para o edital já saiu da área técnica, o risco de o leilão ser uma bomba para as operadoras já está quase superado. Então, para os investidores que gostam de acompanhar a área, é um bom momento para estudar quem pode sair ganhando ou perdendo com a nova tecnologia.
No fim do dia, o que o 5G vai trazer é uma internet móvel mais rápida para a rede móvel. A receita das operadoras com chamadas de voz, por exemplo, que vem caindo consideravelmente, tende a zero. Afinal, por que ligar quando os aplicativos que permitem chamadas de voz (como WhatsApp e Skype) estarão funcionando bem.
Claro que a receita com dados aumenta, mas é preciso ver quem está bem posicionado para receber a bola. A Oi, por exemplo, já avisou seus acionistas que é a única operadora no mercado que não tem licença para a frequência de 700Mhz, que permite melhor cobertura em ambientes interno.
Outro ponto a ser analisado é a expectativa de crescimento (e investimento) no fornecimento de internet por fibra ótica para residências. Como cerca de 60% dos brasileiros que usam a internet o fazem pelo celular, por que contratar uma banda larga para casa?
Como a rede 5G tem uma capacidade maior de suportar conexões, é um prato cheio para as operadoras melhorarem suas posições no mercado.
No terceiro trimestre deste ano, entre as empresas de telecom que têm ações na Bolsa brasileira, 33,6% do market share de celular estava na mão da Vivo (Telefônica). Em segundo lugar ficou a Tim, com 22,4%. A Oi tem 16%, segundo levantamento feito pela consultoria especializada Teleco.
Quem olhar apenas as variações do preço das ações, verá que, neste ano, os papéis da Oi (OIBR3) subiram mais de 180%, enquanto os da Vivo (VIVT3) caíram 5,4% e as da Tim (TIMP3) perderam 11% do valor.
No acumulado dos últimos três anos, no entanto, a Oi é a única no negativo. Enquanto ela luta, em recuperação judicial, para vender ativos e pagar seus credores, a Vivo lucrou expressivos R$ 5 bilhões em 2019 e a Tim conseguiu atingir um ROE (retorno sobre investimentos) de mais de 16%.
O 5G é um negócio para o longo prazo. Cabe aos investidores digerir números, relatórios e notícias para tentar enxergar um pouquinho do futuro e entender em que árvore estarão os frutos mais doces
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