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Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

Descrição de chapéu petrobras

O 'risco-Lula' através dos números do mercado

Incertezas atrapalham investimentos

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A queda de 4% no Ibovespa nesta segunda-feira (8) foi a manchete da semana para quem acompanha o mercado financeiro. O que foi apontado como efeito do “risco-Lula” virou o assunto obrigatório de quem busca as melhores opções para seus investimentos.

É importante, nessas horas, tentar se afastar um pouco. É mesmo difícil fazer análises “a quente”. Estratégias de grandes investidores são diferentes das recomendadas para “gente como a gente”. Vamos tentar entender o que os números estão efetivamente dizendo.

O tombo da Bolsa foi menor do que o ocorrido duas semanas antes, em 22 de fevereiro, quando o índice despencou 4,87% —mesmo percentual da queda, aliás, registrado na semana passada, entre 24 e 26 de fevereiro.

E veja só: as empresas listadas no Ibovespa que registraram o pior desempenho na fatídica segunda-feira foram a locadora de carros Localiza, a construtora EZ Tec, e a varejista Magazine Luiza.

Lula discursa após decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin, que anulou condenações contra o ex-presidente - EPA - 10.mar.2021

Os papéis da Localiza (RENT3), de Salim Mattar, ex-secretário de Privatizações do governo Jair Bolsonaro, caíram 9,39%. Os da Magalu (MGLU3), de Luiza Trajano, que andou cogitada a candidata à Presidência, mas negou tal intenção, caíram 8,08%. E os da EZ Tec, do bilionário Ernesto Zarzur, 8,29%.

São três setores bastante distintos, sendo difícil enxergar uma relação direta entre o desempenho das companhias e os resultados da tão comentada e questionada decisão do ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal.

Foquemos, então, em empresas com relação direta com o governo federal: Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil, por exemplo. Todas tiveram desempenho melhor do que o Ibovespa no dia em que a expressão “risco-Lula” voltou à baila.

O movimento de recuperação da Bolsa na terça, na quarta e na quinta faz a queda da última segunda-feira soar como um “freio de arrumação”. O cenário mudou de repente e as previsões de muitos grandes investidores foi para o lixo. O dinheiro parece ter sido "sacado" até nova avaliação ser feita.

O que atrapalha os investimentos, mais do que um partido ou outro (lembrando que Bolsonaro não tem partido atualmente), são as incertezas.

Levantamento publicado pelo site Monitor do Mercado mostra, aliás, que o primeiro mandato de Lula foi o período em que o Ibovespa mais subiu, quando comparado com os outros mandatos presidenciais.

É importante dar o crédito da estabilidade do dólar, herdada por Lula, ao governo de Fernando Henrique Cardoso, que o precedeu.

Além disso, durante o governo do petista, o Brasil surfou no chamado boom das commodities, com uma abertura dos mercados emergentes, principalmente o chinês, para produtos tradicionalmente produzidos no país.

Ainda assim, é importante notar os números do mercado: na era FHC, o Ibovespa subiu 161,8%; com Lula, 497,3%; nos governos Dilma, caiu 17,2%; no mandato de Temer, subiu 51,7%; e no governo Bolsonaro, até agora, teve alta de 23,9%.

Em seu discurso, nesta quarta (10), o ex-presidente (e, agora, ex-condenado da Lava Jato) fez questão de se colocar do lado de empresários.

Em certo momento, o petista afirmou que se reunia com diversos empresários de diferentes setores para definir os destinos de seu governo, atacando o presidente Jair Bolsonaro, acusando-o de dar ouvidos apenas ao dono das lojas Havan, Luciano Hang.

No mesmo discurso, o petista disse que “quem estiver comprando coisas da Petrobras” deveria temer, pois não compactuaria com a venda de ativos da empresa. Ainda assim, as ações da petroleira subiram depois da fala.

As pesquisas mostram Bolsonaro e Lula isolados em um virtual segundo turno nas próximas eleições. Mas, pelos números do mercado, parece que o investidor tem mais com o que se preocupar do que com o próximo pleito.

Entender que o IPCA (inflação) está acima do esperado, os impactos do aumento das restrições à circulação em São Paulo, a previsão de safra recorde neste ano e as perspectivas com crescente número de contaminações e mortes no país por covid-19, por exemplo, será de mais valia para a definição de seus investimentos. Ao menos neste momento.

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