Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado
Com lucro recorde, bancos dão migalhas para investidores e demissões para funcionários
Juntos, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander lucraram R$ 81,6 bi em 2021
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Os quatro maiores bancos brasileiros tiveram lucro recorde em 2021. Contas na mesa, foram R$ 81,63 bilhões de lucro líquido, somando apenas Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander. Foi o maior montante desde 2006.
Para fins de comparação, o que os bancos tiveram de lucro é praticamente o dobro de toda a verba destinada para investimentos federais no Orçamento de 2022.
Saiu ganhando quem tinha ações dos bancões na carteira, então. Certo? Parece que não. Ao menos até agora.
Enquanto o lucro das quatro instituições saltou 32%, de 2020 para 2021, a distribuição de dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) para os acionistas subiu apenas 12%, segundo estudo da Economatica, que vende dados de mercado.
No período anterior, de 2019 para 2020, o lucro havia caído 24%. E a distribuição de dividendos e JCP foi tombada em 48%.
Em outras palavras: quando o lucro caiu, a distribuição de dividendos caiu o dobro. Quando o lucro se recuperou, o pagamento aos acionistas subiu metade.
Mas lucros e dividendos deveriam ser apenas uma fração do que o investidor efetivamente ganha sendo um "sócio" das empresas. O crescimento das companhias, teoricamente, levaria à valorização de suas ações, fazendo com que todos ganhem o sucesso das companhias nas quais investem. Repito: teoricamente.
No caso em questão, o caminho foi outro. O valor de mercado de Itaú, Bradesco, BB e Santander, juntos, caiu 16% de 2019 para 2020, e despencou 29% de 2020 para 2021.
Resumindo, de novo: quando o lucro caiu, o valor das ações também caiu. Quando o lucro subiu, os papéis continuaram caindo.
Há uma infinidade de motivos a serem listados para os papéis em queda, o principal deles são as estimativas do mercado, como comentei na semana passada. Se os investidores estiverem otimistas demais, até ótimos resultados podem derrubar o preço das ações, desde que venham abaixo das expectativas.
No caso do Itaú — maior banco do Brasil, com R$ 2,16 trilhões em ativos — o último balanço, divulgado dia 10, superou as estimativas. Os papéis subiram fortemente logo após a divulgação e, hoje, as ações ITUB4 estão valendo 4% mais do que naquela data.
Uma semana depois de impressionar o mercado com seus bons resultados, o banco anunciou um programa de demissões voluntárias, afirmando que isso "não afetará a qualidade e a disponibilidade de seus serviços aos seus clientes".
Em tempos de lucro recorde: migalhas para investidores e cortes para funcionários. Os bancos estão se preparando para uma quadra difícil da economia brasileira nos próximos meses.
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