Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Marcos de Vasconcellos

Sinal que acende nos EUA pode valorizar bancos aqui

Com aumento das taxas de juros, a lucratividade do negócio aumenta e as ações tendem a se valorizar

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Nesta semana, o noticiário econômico girou em volta da última ata do Fed, o banco central americano, como abelhas em latas de refrigerante. Pode parecer exagerado para quem só quer saber as novidades do mercado, mas acontece que as discussões do Banco Central dos Estados Unidos, sem medo de parecer exagerado, orientam a economia global.

O recado que vem de lá, sendo bem direto, pode acelerar a valorização das ações dos bancos aqui na nossa Bolsa.

Diversos membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglêa) acham que seria bom reduzir o volume de compra de títulos públicos ainda esse ano.

Prédio do Federal Rerserve, em Washington - Daniel Slim - 6.ago.2021/AFP

A recompra dos títulos em ritmo acelerado é uma das formas de gerar incentivos à economia: ao recomprar, o tesouro injeta dinheiro no mercado, aumentando a circulação da moeda.

Essa é uma das maneiras de manter a taxa de juros mais baixa, uma vez que, com mais dinheiro circulando, ele fica mais “barato” e os bancos vão cobrar menos pelos empréstimos, o chamado spread.

Quando sinalizam a redução dos estímulos, os membros do Fomc apontam que, ainda ese ano, é possível que a taxa de juros dos EUA sofra algum impacto. Hoje a taxa de juros dos EUA está em 0% a 0,25%. No Brasil, a taxa, apelidada de Selic, está projetada em 5,25% ao ano.

Como você já deve saber: essa diferença é o que faz um grande investidor escolher colocar seu dinheiro no Brasil ou nos EUA. Lá, os títulos públicos vão pagar pouco, mas são considerados os mais seguros do mundo. Aqui, estarão atrelados a uma taxa mais interessante, mas carregam consigo a insegurança de uma economia emergente em véspera de eleições.

Aliás, o fato de o presidente Jair Bolsonaro estar praticamente em campanha para reeleição já preocupa os investidores gringos.

Um relatório do banco norte-americano Wells Fargo divulgado nesta semana afirma que seus analistas estão preocupados com Bolsonaro, que ao tentar angariar suporte para sua reeleição poderia “potencialmente implementar políticas que coloquem a trajetória fiscal e de dívida do Brasil em um caminho mais insustentável”.

Com o aumento das incertezas, é essencial para os grandes investidores que nossas taxas de juros estejam mais atraentes do que onde eles enxergam segurança. E quando houver efetivamente uma redução dos estímulos nos EUA, a tendência é que as taxas de juros lá subam. Subindo as taxas de juros dos Estados Unidos, é natural que as daqui também o façam, para manter a nossa atratividade.

Vale destacar que o nosso banco central já tem motivos de sobra para continuar elevando a Selic, levando em conta o ritmo galopante da inflação.

É aí que a ata do Fed sinaliza uma abertura de caminho para as ações dos bancos no Brasil. Com o aumento da taxa de juros, aumenta-se o spread, que é onde as instituições financeiras efetivamente ganham dinheiro.

Não que o negócio esteja ruim para eles atualmente. Muito pelo contrário. No último trimestre, os bancos brasileiros lucraram como nunca: o Itaú registrou lucro de R$ 7,56 bilhões, 120% a mais do que no mesmo período em 2020. Bradesco, Banco do Brasil e instituições menores, como Banco Inter e BTG Pactual seguiram pelo mesmo caminho, aumentando significativamente seus lucros.

Com aumento das taxas de juros, a lucratividade do negócio aumenta ainda mais e as ações tendem a se valorizar. Diferentemente do Ibovespa, que já voltou aos patamares pré-pandemia, as ações dos bancos, em sua maioria, estão ainda com preços menores do que antes da última grande queda do mercado.

Essa recuperação mais lenta é vista como oportunidade por analistas de diferentes casas, como Guide e BTG Pactual. No entanto, as incertezas sobre o que vai efetivamente ficar na reforma do imposto de renda arquitetada pelo ministério de Paulo Guedes e seu impacto nas instituições financeiras (que ele conhece por dentro) tem segurado os preços dos papéis.

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