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Advogada especializada na área da defesa do consumidor.

Importações da China estão ao lado do coração e contra a dieta do brasileiro

O agronegócio gera empregos, paga impostos e, nos piores anos da crise, evitou que a economia brasileira afundasse de vez

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O churrasco já está custando bem mais. Talvez tenhamos de nos acostumar a comer mais vegetais, legumes, verduras, cereais e frutas. Açougueiros e supermercadistas vão lamentar as perdas, consumidores também.

Essa situação —criada pelo aumento expressivo das exportações de carne bovina ao mercado chinês—, contudo, vai ao encontro do que recomendam os cardiologistas: moderação no consumo de carne vermelha. A China, quem diria, está ao lado do nosso coração, e não do nosso paladar.

A situação é complicada porque somos um grande exportador de alimentos. Um país com 1,4 bilhão de habitantes é capaz de comprar grande parte dos alimentos que produzirmos. Consequentemente, a carne bovina subiu 8% em novembro, e chutou para cima a inflação de novembro, que atingiu 0,51%. Carnes de frango e suína também ficaram mais caras.

Rebanho no Paraná; bom desempenho na América do Sul se deve à demanda externa - Cleverson Beje/FAEP

Vejo nas redes sociais a proposta de boicotar o produto, mas, como alguns analistas já disseram, isso impacta os açougues sem necessariamente conter o encarecimento deste produto. Produtores vão vender para quem comprar e pagar mais.

Talvez tenhamos de adotar práticas comuns em muitos países desenvolvidos, como a de comer pequenas porções de carne vermelha misturadas com arroz, legumes etc. Como mostram os memes nas redes sociais, a principal opção tem sido obter proteínas de ovos, ainda acessíveis. E do frango que, embora esteja mais caro, não é proibitivo como a carne bovina.

Lembro que quase tudo na vida costuma ter impactos positivos e negativos ao mesmo tempo. Uma pessoa que consiga uma bolsa de estudos em uma excelente universidade no exterior terá grande oportunidade de se aperfeiçoar e de ascender profissionalmente. Por outro lado, terá de abrir mão, ao menos temporariamente, do convívio com familiares e amigos.

O agronegócio gera empregos, paga impostos e, nos piores anos da crise, evitou que a economia brasileira afundasse de vez. É forte porque tem alta tecnologia, produtividade ímpar e exporta muito. Tanto que incomoda países como Estados Unidos e França, que não aceitam o protagonismo brasileiro na produção de alimentos.

Por outro lado, quando as cotações internacionais de produtos como açúcar, soja e carne sobem muito, há consequências negativas para nosso bolso.

É claro que, também neste caso, há que pesquisar e comparar os valores cobrados. Para quem não vive sem carne bovina, talvez seja necessário reaprender a consumir partes hoje desprezadas, como miúdos, além de ampliar o consumo de frango, porco e peixe.

Só há uma parcela da população que não é diretamente afetada por esta carestia, pelo menos no prato. Em 2018, mais de 14% dos brasileiros se declararam vegetarianos, ou seja, sua dieta não inclui produtos de origem animal.

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