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Estamos na lama

Nem 50% dos municípios fluminenses têm esgoto tratado

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Amo o Rio de Janeiro. Aprendi a gostar daqui, apesar de tudo. Mas é difícil não olhar para a crise hídrica que a cidade enfrenta e não pensar que nós, moradores, temos sido indiferentes aos problemas e, agora, boa parte da região metropolitana é abastecida por uma água duvidosa. 

As praias estão poluídas, apenas algumas estão próprias para o banho. O Complexo Lagunar de Jacarepaguá está morto, a baía da Guanabara continua o nojo de sempre. E tudo isso depois de uma dinheirama que foi pelo ralo, dragada pela corrupção de governantes que prometeram limpar as águas e melhorar a rede de esgoto em troca de uma Olimpíada. 

Consumidores enfrentam dificuldades para comprar água mineral na Zona Sul do Rio de Janeiro - Vanessa Ataliba/Zimel Press/Agencia O Globo

Naquela época, reportagem da Associated Press já mostrava que os índices de toxicidade das águas só eram comparáveis aos da Índia e de países africanos. O que nós, cidadãos, fizemos? Nada. Continuamos nos refestelando em praias sujas, e o problema, agora, bate em nossos traseiros. 

Fala-se em sabotagem para melar o processo de privatização da companhia de água, mas existe a suspeita, por parte de professores da UFRJ, de que o problema seja causado pelo esgoto lançado no rio que abastece a região. Ou seja, a água pode estar mesmo uma merda. A gente chafurda na bosta das praias e, pelo que parece, agora bebemos um pouco dela. 

Nem 50% dos municípios fluminenses têm esgoto tratado. Cinco deles, na Baixada, estão entre os piores na qualidade dos serviços de água do país. Uma das cidades às margens da bacia do Guandu trata 3,5% dos dejetos. Talvez agora que a merda saiu da periferia e chegou à Zona Sul a gente entenda o tamanho do desastre.

Mas fiquemos tranquilos, porque a Cedae deve contratar um sommelier. Não é chique? Precisamos de um profissional para analisar algo que deveria ser naturalmente incolor, insípido e inodoro. E agora saberemos se tem mais ou menos cocô. Que glória. 

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