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Mandetta, o novo herói

O brasileiro precisa parar de inventar heróis

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Sergio Moro que se cuide. Os brasileiros têm um novo herói, Luiz Henrique Mandetta. Até a pandemia se estabelecer, o titular da Saúde era um desconhecido para a maioria acostumada a Guedes, Weintraub e Damares.

Em poucas semanas, Mandetta assumiu o protagonismo da crise da Covid-19 pelo vácuo de liderança deixado por Jair Bolsonaro. Eleito pela imprensa internacional "líder negacionista do coronavírus", o presidente jogou no colo do ministro a responsabilidade de guiar o país ao longo dessa tormenta. Não à toa, o Ministério da Saúde tem 76% de aprovação.

Mandetta não tem feito nada de excepcional para ser tratado como herói, a não ser o que deveria: seguir as diretrizes da OMS, trabalhar com os governadores, organizar o sistema para que a tragédia anunciada seja menor. Mas a distopia que vivemos com Bolsonaro é tão grande que ovacionamos o óbvio, muitas vezes relevando a escandalosa subnotificação de casos, que deixa o país no escuro em relação à sua real situação.

Comparado à mediocridade de Bolsonaro, Mandetta parece um estadista aos olhos de quem o aplaude. Trabalha duro, parece ter empatia, autocontrole, habilidade política, sabe planejar e se adaptar, características de líderes que fizeram história, descritas no livro "Leadership in War", de Andrew Robert.

Mas a "estrela" do ministro incomoda não apenas o presidente. No dia de sua quase demissão, surgiram acusações de envolvimento em corrupção, de defesa dos interesses dos planos de saúde, de enfraquecimento do SUS. Dos bolsonaristas era esperado o ataque, mas os dedos apontados pela esquerda talvez não tenham entendido que, ruim com Mandetta, pior sem ele.

Aos que engrossaram o coro de #ficamandetta, nunca é demais lembrar que o país carece, sim, de uma liderança sóbria neste momento, mas o brasileiro precisa urgentemente parar de aclamar heróis.

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