Jornalista e roteirista de TV.
Reacionários x progressistas
Acreditar que todos os votos que Trump está levando são movidos a ignorância e ódio é ingenuidade. Ou arrogância
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Não sabemos ainda quem será o próximo presidente dos Estados Unidos, pelo menos enquanto escrevo. O que ficou claro com a votação apertada é que o país está dividido. O mais simples é achar que, de um lado, estão os reacionários, e, do outro, os progressistas. Parte desses eleitores tem, sim, em Donald Trump o seu próprio reflexo. Se espremer, é puro suco de racismo, machismo, xenofobia, desprezo por instituições e ciência.
É assustador para quem se acostumou nas últimas décadas a ver que os direitos das minorias, a igualdade entre gêneros, os avanços sociais e as liberdades individuais pareciam conquistas inegociáveis. Se depender da parte reaça, volta todo mundo para o armário.
No entanto, acreditar que todos os votos que Trump está levando são movidos a ignorância e ódio é ingenuidade. Ou arrogância. É não entender que parte substancial dos eleitores tem preocupações diferentes das que nós, progressistas, temos.
O aumento de votos entre negros e mulheres registrado pelo republicano mostra que os apelos dos movimentos identitários nem sempre comovem quem usufrui de suas conquistas. Tem mais: as pessoas primeiro querem emprego, comida na mesa, filho na escola, antes de discutir se falaremos "todos", "todas" ou "todes". O que acontece nos EUA deveria ser lição aos partidos e políticos do centro e da centro-esquerda no Brasil.
A eleição de Trump, Bolsonaro e outros aspirantes a ditador nos dão a impressão de que embarcamos num retrocesso incontornável. Verdade que a ascensão desses tiranos pode diminuir o tamanho dos passos, mas o mundo anda para a frente. É um caminho sem volta.
No dia em que os EUA começaram a contar votos, Oregon deu vitória ao democrata Joe Biden, e o estado foi o primeiro no país a descriminalizar o porte de pequenas quantidades de drogas, incluindo cocaína, heroína e metanfetamina.
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