Jornalista e roteirista de TV.
Progressista, saia da bolha
Enquanto discutimos se devemos escrever todes ou todxs, a extrema-direita elege deputados
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Um sujeito achou natural se "fantasiar" de goleiro Bruno. Camisa do Flamengo e a tiracolo um saco preto de lixo onde estava escrito "Eliza". Você sabe do que falamos. Bruno foi condenado pela morte de Eliza Samudio e até hoje os restos mortais não foram encontrados. Há algumas semanas, uma ciclista caiu e sofreu ferimentos depois que uns marmanjos armados com um carro tentaram passar a mão em sua bunda. Um jogador de vôlei faz comentário homofóbico e ganha mais de dois milhões de seguidores nas redes e avalia seguir carreira política.
Por mais que falemos de feminicídio, racismo, machismo, homofobia à exaustão, parece óbvio que muita gente ainda acha que pode brincar com esses assuntos, minimizar os seus efeitos, classificá-los como mimimi. Alguma coisa está muito errada na forma como nós, progressistas, tratamos esses assuntos. Escrevemos e falamos para convertidos e não conseguimos expandir os limites da tolerância.
Que maravilha se no meu e no seu círculo de relações vivenciamos as conquistas que têm diminuído as desigualdades de gênero e raça. Não conheço envolvidos em feminicídio ou que façam piada disso e quero acreditar que nenhuma pessoa próxima trataria com preconceito mulheres, negros, asiáticos e homossexuais.
Como, então, promover um debate que chegue de forma acessível a gente que acredita em sexualização infantil, negro vitimista, feminista rancorosa e ditadura gayzista? O que, afinal, estamos fazendo para que mensagens sobre igualdade e empatia furem essa bolha cheirosinha na qual nós, progressistas, donos de todas as virtudes, vivemos?
Estamos nas redes sociais promovendo cancelamentos, dando palanque para reaças e jogando no colo dos extremistas uma parte conservadora da população que está apenas preocupada em sobreviver. Enquanto discutimos se devemos escrever todes ou todxs, a extrema-direita elege deputados.
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