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Jornalista e roteirista de TV.

Democratização da nudez feminina

É preciso desafiar a ordem que se ditava natural do desrespeito diante de pouca roupa e garantir a liberdade das mulheres

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Peito de fora na Marquês de Sapucaí já foi ousadia. Luma de Oliveira, Monique Evans, entre outras, colocaram na TV aquilo que é proibido até hoje nas redes sociais. Tapa-sexo garantiu pontos a menos às escolas que desafiaram restrições e bancaram suas musas com minúsculos pedacinhos de tecidos para driblar as regras da Liesa (Liga das Escolas de Samba do Rio), que proibia genitálias desnudas. A regra foi estabelecida depois que Enoli Lara desfilou com o corpo coberto apenas de tinta, em 1988. Toda nudez foi castigada e as agremiações que insistiram no tapa-piriquita, penalizadas.

Destaque em desfile da Mancha Verde, no Anhembi - Rubens Cavallari/Folhapress

O mundo sempre dá um passo atrás antes de dar dois à frente. O Carnaval encaretou, mostrar o peito parecia coisa dos anos 1990, a revista Playboy entrou em decadência, tivemos um vácuo de novidades. A novidade veio dar na rua. No Carnaval é proibido proibir. Quando Marina Lima cantava lá nos anos 1980, "não demora agora, todas de bundinha de fora", nem imaginava que falaria mais do que sobre o verão, mas também do figurino que invadiu ruas, festas e bailes, em vários cantos do país.

Começou timidamente há uns sete ou oito anos em blocos alternativos no centro do Rio de Janeiro, frequentados por artistas, jornalistas e toda sorte de pessoas de humanas. Só em 2023, as mulheres conquistaram plenamente o direito de tirar a roupa no Carnaval, como sempre fizeram os homens descamisados. Os tapa-mamilos, maiôs cavados, derriéres desnudos, viraram uniforme oficial do Carnaval pós-pandemia, pós-Bolsonaro, pós-pesadelo dos infernos.

Democratizar a nudez feminina é mais do que extravasar a sensualidade em dias de festa, é desafiar a ordem que se ditava natural do desrespeito diante de pouca roupa, é estabelecer barreiras invisíveis do limite entre a paquera e o assédio. É sobre novos códigos que passam a determinar as relações no século 21. É sobre liberdade para as mulheres.

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