Saiba como Manet causou alvoroço com telas que mostram uma nudez realista

Com pinceladas despreocupadas, pintor contrariou perspectiva acadêmica, mas perseguiu o reconhecimento oficial

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São Paulo

O Em 1863, quando Napoleão 3o decidiu expor as pinturas recusadas no Salão Oficial numa ala separada do Palácio da Indústria, Édouard Manet provocou escândalo com a tela "Almoço na Relva", na qual pega emprestado uma composição de Ticiano e Rafael, mas substitui o tema mitológico por uma cena de gênero considerada obscena, onde uma mulher nua aparece ao lado de dois homens vestidos.

A repercussão negativa no evento que ficou conhecido como o Salão dos Recusados trouxe uma súbita notoriedade ao artista, e não foi um momento isolado na vida de Manet, como mostra agora o 27o volume da Coleção Folha Grandes Pintores, intitulado "A Verdade Sem Disfarce".

"Olympia", obra de Édouard Manet. - Reprodução

No mesmo ano, sua tela "Olympia" foi considerada de uma "feiura consumada" por apresentar a nudez de uma forma realista, enquanto o uso do nu era admitido apenas em razão de pretextos mitológicos e heróicos.

Sua maneira de pintar, sem grande preocupação com a perspectiva e com a espessura das coisas, também desagradava os partidários da pintura oficial, cuja obsessão era a perspectiva acadêmica e linear.

Na contramão da época, Manet também revolucionou a representação das corridas de cavalos, que costumavam ser retratados de perfil. Em "Corridas em Longchamp", de 1866, os animais são vistos de frente, avançando na direção do observador, um recurso que seria relacionado à primeira cena de cinema, exibida 30 anos depois.

O pintor recusou-se a participar da Primeira Exposição Impressionista e de várias mostras realizadas pelo grupo. Mesmo assim, na tela "Um Ateliê em Batignolles", de 1870, Fantin-Latour retratou Manet ao redor de seguidores como Otto Schölderer, Renoir e Monet, consagrando o artista como líder do novo movimento impressionista.

Desde o início dos anos 1870, Manet havia mesmo se sujeitado à influência de Monet ao se dedicar a mais temas ao ar livre. Ao contrário dos impressionistas, no entanto, ele nunca privilegiou as cores na elaboração das obras e detestava passar períodos no campo. Por toda sua vida, o pintor perseguiu o reconhecimento oficial, oferecendo trabalhos ao Salão incansavelmente.

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