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A morte do Carniceiro

Não há mesmo o que lamentar sobre o acidente com o presidente do Irã

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Assim que foi confirmada a morte do presidente do Irã, Ebrahim Raisi, vídeos que circularam no Telegram mostravam imagens de fogos de artifício em pontos do país, incluindo a cidade natal de Mahsa Amini. A mulher curda de 22 anos foi morta em 2022 sob a custódia da polícia depois de ser presa por não usar o hijab (véu) adequadamente.

Raisi tem em suas mãos o sangue de milhares de pessoas em quatro décadas de vida pública. É responsável pelas políticas que restringiram ainda mais a liberdade feminina no país. No mês passado, foi anunciada uma operação para aumentar a repressão àquelas que desrespeitam a lei do hijab.

Mahsa Amini foi transformada no símbolo da luta contra a violência estatal e as regras impostas às mulheres, mas a teocracia sob o comando do presidente iraniano matou mais de 500 pessoas quando os protestos explodiram depois do assassinato da jovem. Em outubro do ano passado, Armita Geravand, uma adolescente de 16 anos, morreu depois de semanas em coma, decorrente das agressões que sofreu ao ser tirada de um trem do metrô. O crime: não cobrir toda a cabeça com o véu.

Não há mesmo o que lamentar sobre o acidente de Raisi, como declararam ativistas refugiados ao redor do mundo. Mas não é o que pensam líderes como o presidente Lula, para quem as perdas são "irreparáveis". Juntam-se a ele, Putin, Bin Salman, Maduro, Kim Jong-un, Erdogan, Modi, Xi Jinping, Hezbollah, Hamas. O que são milhares de mulheres mortas e oprimidas diante da perda de um parça?

Papa Francisco foi mais sagaz e disse que confia "as almas dos falecidos à misericórdia do Todo-poderoso". Ou seja, resolva seus BOs. A mudança no comando do país não vai mudar a política misógina e repressora contra mulheres, mas gosto de pensar que um sujeito conhecido como Carniceiro de Teerã pode estar sendo tostado num lugar bem feio e fedorento por uma diaba vestida apenas de fio dental. É pouco.

Ebrahim Raisi em Teerã, em 2021 - Ahmad Halabisaz/Xinhua

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