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Ciclista, doutor em teoria econômica pela Universidade de São Paulo; foi pesquisador visitante na Universidade Columbia e é pesquisador do Insper.

Assédio sexual está onipresente nos governos?

O momento é oportuno para apuração de outros casos e para mais mulheres fazerem denúncias

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Não foi por acaso que comecei a escrever sobre assédio sexual já faz algum tempo. E, com certeza, não foi por coincidência que inseri essa questão em muitos dos meus trabalhos e apresentações. O assédio representa um motivo relevante que limita o pleno desenvolvimento das mulheres.

Eu tenho passado algum tempo em Brasília e tido conversas significativas com representantes do governo federal e de estados e municípios. E, nessas conversas, uma coisa surge repetidamente: mulheres compartilhando suas histórias, deixando claro que o assédio sexual continua sendo uma das grandes barreiras que enfrentam, tanto dentro da administração pública quanto fora dela.

Quando uma mulher enfrenta o assédio em seu ambiente de trabalho, em vez de apoio ela muitas vezes encontra o silêncio, a descrença ou até mesmo a culpa. E isso limita suas oportunidades, distorce sua trajetória e as impede de alcançar voos mais altos.

Protesto após denúncias de assédio na Caixa Econômica Federal em 2022 - Folhapress

O assédio mina a confiança, a segurança e a dignidade. E, enquanto permitirmos que isso continue, enquanto não confrontarmos essa realidade de frente, estaremos todos perpetuando um sistema que restringe nossas mães, nossas irmãs, nossas filhas. Há momentos em que precisamos olhar para nós mesmos e reconhecer as áreas em que falhamos. E uma dessas áreas é a nossa permissividade com o assédio sexual.

Com demasiada frequência, vemos atos de assédio sendo ignorados, minimizados ou, pior ainda, normalizados. Como sociedade, temos que parar de desviar o olhar, de aceitar o inaceitável. Precisamos criar uma cultura onde cada pessoa, especialmente cada mulher, possa viver sem medo de ser desrespeitada.

Não se trata apenas de estatísticas... Trata-se de pessoas reais, de vidas reais. E cabe a nós enfrentar esses desafios de frente, para garantir que todas as mulheres tenham a oportunidade de alcançar seu pleno potencial, sem restrições.

Nesse contexto, é muito curioso que apenas o caso envolvendo denúncias contra o ministro Silvio Almeida tenha ganhado atenção e repercussão. Isso levanta uma importante questão: o que faremos com o resto dos governantes?

O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida - AFP

Vamos simplesmente ignorá-los? Vamos fechar os olhos para o que acontece nos bastidores enquanto permitimos que um único caso se torne o foco de toda a indignação? Vamos permitir que o foco em um único caso nos distraia de todos os outros que também exigem nossa atenção e nossa ação?

O momento é oportuno para a apuração de outros casos e para que mais mulheres façam denúncias. Se queremos justiça de verdade, não podemos escolher a dedo quem deve prestar contas. Precisamos examinar todos os líderes e todas as instituições e garantir que ninguém esteja acima da lei.

O texto é uma homenagem à música "Fly", composta e interpretada por Ludovico Einaudi.

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