Mônica Bergamo é jornalista e colunista.
Entidades judaicas vão processar a Istoé por chamar chefe da Secom de 'Goebbels do Planalto'
Reportagem se refere ao secretário Fábio Wajngarten, membro da comunidade judaica
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A Confederação Israelita do Brasil (Conib) e a Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) vão processar criminalmente a revista Istoé pela reportagem em que ela se refere ao secretário Especial de Comunicação Social da Presidência da República, Fábio Wajngarten, como "o Goebbles do Planalto".
A Conib e a Fisesp chamam o conteúdo de antissemita. "O texto comparando um membro de nossa comunidade ao carrasco nazista e montando um quadro ilustrativo intitulado 'a manipulação da colônia judaica' ultrapassou a barreira do jornalismo ético e informativo que todos nós prezamos enquanto brasileiro", afirmam as duas organizações em nota conjunta.
A matéria foi publicada na edição da revista que chegou às bancas na sexta (8).
"[A reportagem] é difamatória e atinge as duas entidades mais representativas da colônia judaica no Brasil", afirma José Luis de Oliveira Lima, um dos advogados que representarão a Conib e a Fisesp no caso. "A matéria da Istoé atenta contra a honra de toda a comunidade judaica brasileira, extrapolando todos os limites do que se pode considerar aceitável", afirma Daniel Kignel, que também atuará na ação.
Por meio de nota (leia a íntegra abaixo), a Istoé afirma que "o único objetivo da matéria foi o de mostrar, independentemente da religião do senhor Fábio Wajngarten, que a sua atuação de boicote publicitário no governo não está se dando tão somente em relação à ISTOÉ, mas também em relação a outros órgãos de comunicação, de forma não republicana e contrária às determinações legais da mídia técnica".
Leia a seguir as íntegras da nota assinada pela Conib e pela Fisesp e o comunicado da Istoé:
"Não vamos calar, não vamos admitir, não vamos silenciar
Na última sexta-feira, 08 de novembro, a comunidade judaica foi surpreendida pela edição semanal nº 2.602 da Revista IstoÉ que a pretexto de abordar questões da política nacional enveredou para uma matéria com conteúdo claramente antissemita.
O texto intitulado 'O Goebbels do Planalto' comparando um membro de nossa comunidade, Fábio Wajngarten, ao carrasco nazista e montando um quadro ilustrativo intitulado 'a manipulação da colônia judaica' ultrapassou a barreira do jornalismo ético e informativo que todos nós prezamos enquanto brasileiros.
Pela exiguidade do tempo disponível na tarde da última sexta-feira e em respeito ao Shabat, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) e a Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp), assim como federações de outros estados, limitaram-se a lanar uma nota de repúdio, além de contatar o editor da revista, manifestando seu desagravo com o teor da matéria.
A Conib e a Fisesp, enquanto representantes da comunidade judaica, tomarão as medidas judiciais cabíveis para que manifestações de cunho claramente antissemita não sejam toleradas. Na data de ontem, domingo, 10 de novembro, foi formalizada a contratação dos advogados criminalistas José Luis Oliveira Lima e Daniel Kignel que atuarão pro bono em nome da comunidade judaica analisando e propondo as medidas judiciais a serem tomadas.
A liberdade de imprensa que tanto valorizamos não pode se confundir com a discriminação e com o antissemitismo. Não vamos calar, não vamos admitir, não vamos silenciar.
Conib - Confederação Israelita do Brasil
Fisesp - Federação Israelita do Estado de São Paulo"
Nota da Istoé:
"ISTOÉ lamenta profundamente se, em algum momento, a Comunidade Judaica se sentiu atingida pela reportagem publicada na última edição da revista, de número 2602, que tratou do secretário de Comunicação do Governo Federal, senhor Fábio Wajngarten.
O único objetivo da matéria foi o de mostrar, independentemente da religião do senhor Fábio Wajngarten, que a sua atuação de boicote publicitário no governo não está se dando tão somente em relação à ISTOÉ, mas também em relação a outros órgãos de comunicação, de forma não republicana e contrária às determinações legais da mídia técnica.
A matéria trata sobre o secretário e seus métodos discricionários, jamais tenta abranger a Comunidade Judaica, que, como sempre, merece todo o nosso respeito. A matéria claramente condenou os métodos nazistas de propaganda de Goebbles, tanto é assim que criticou a própria postura discriminatória da Secom. A comparação entre os dois personagens se dá exclusivamente pelo aspecto de método de atuação. A reportagem é de cunho exclusivamente político, mesmo quando fala da mobilização de Wajngarten na comunidade. ISTOÉ critica Wajngarten, não a comunidade judaica.
ISTOÉ, com sua tradição democrática, sempre defendeu a liberdade religiosa, abominando todo e qualquer regime autoritário, como foi o nazismo e o comunismo. A posição de ISTOÉ é de absoluto repúdio a preconceitos de qualquer natureza: religioso, gênero, etnia, político.
A matéria tem um sentido puramente republicano, de informar que a Secom age de forma parcial e anti-democrática. Reiteramos que jamais apoiamos ou apoiaremos atitudes e reportagens anti-semitas. ISTOÉ jamais defendeu ou defenderá os regimes nazista e fascista, criminosos que foram contra os judeus e contra a humanidade."
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