Mônica Bergamo é jornalista e colunista.
Doria divulga, com título alterado, reportagem crítica da Science sobre Coronavac
Revista científica afirmou que detalhes sobre eficácia da vacina divulgados pelo Instituto Butantan ainda são vagos
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O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), divulgou, nas redes sociais, uma versão com título editado de reportagem publicada pela revista científica Science que criticava a divulgação da eficácia da vacina Coronavac, realizada na quinta (7) pelo Instituto Butantan.
"Brasil anuncia resultados 'fantásticos' para a vacina de Covid-19 de fabricação chinesa, mas detalhes permanecem vagos", diz o título original da publicação. Na versão compartilhada por Doria, encurtada, o título ganhou tom mais otimista: "Brasil anuncia resultados 'fantásticos' para a vacina de Covid-19 de fabricação chinesa".
A imagem divulgada pelo governador paulista ainda traz a inscrição de que a "eficácia da vacina do Butantan é destaque na Science, uma das principais revistas científicas do mundo".
A reportagem, no entanto, está longe de ser elogiosa ao anúncio feito pelo governo Doria. "[Dimas] Covas [presidente do Instituto Butantan] não fez menção aos números dos casos, afirmando que os dados serão divulgados em publicação científica e aos órgãos reguladores brasileiros. Mas, quando pressionado por jornalistas, ele admitiu que havia 218 casos de doenças leves", afirma o texto da Science.
"A falta de dados —sem falar na discrepância de eficácia— previsivelmente levou ao ceticismo imediato", segue a reportagem.
A Coronavac teve uma eficácia de 78% a 100% nos estudos finais realizados no Brasil. O índice de 78% se aplica à prevenção de casos leves da doença. Entre os voluntários vacinados que se contaminaram, não houve nenhum caso moderado, grave, morte ou internação necessária.
O texto da Science faz coro à crítica de pesquisadores e cientistas brasileiros. Eles apontam falta de transparência com relação a dados não divulgados como o da eficácia geral da vacina, que vem sendo testada em outros países. Também não foram detalhados itens como diferenças nos subgrupos por idade e possíveis efeitos colaterais.
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