A vereadora de São Paulo Erika Hilton (PSOL) abriu um boletim de ocorrência nesta quarta (27) relatando uma visita feita ao seu gabinete por um homem que se identificou como "garçom reaça".

O homem chegou ao espaço da parlamentar por volta das 17h de terça-feira (26) e pediu, repetidamente, para vê-la. "A vereadora tá aí? Eu quero falar com a vereadora", teria dito, aos gritos, segundo uma assessora de Hilton. Ele carregava uma mochila e usava máscara de proteção com a inscrição de uma cruz e da frase "Deus é amor".

Por causa de seu estado de agitação, funcionários do gabinete não permitiram seu contato com Hilton. Ele, então, deixou uma carta na qual dizia querer se desculpar por ter ofendido a vereadora nas redes sociais.

"Eu acabei, por através das redes sociais, proferir ataques a sua pessoa no Twitter. Hoje venho pessoalmente lhe pedir desculpas", afirma o texto.

No início do mês, a vereadora protocolou uma ação contra 50 pessoas que teriam feito ameaças transfóbicas, racistas e machistas contra ela na internet. Sua defesa reuniu postagens com xingamentos como “ser desprezível”, “raça imunda”, “vagabunda”, “jumenta”, “traveco” e “cabelo desse serve pra tirar ferrugem de ferro”.

Erika Hilton registrou o episódio de terça-feira como "ameaça" no boletim de ocorrência. Esta é a segunda vez em duas semanas que a parlamentar diz ter sua segurança ameaçada dentro da Câmara Municipal. No dia 13 de janeiro, um funcionário da Casa que buscava informações pessoais da vereadora ameaçou "arrancar a cabeça" de integrantes de sua equipe, segundo relato feito à coluna.

Atualmente protegida por um serviço de escolta particular, Hilton solitica à presidência da Câmara o deslocamento de homens da Guarda Civil Metropolitana (GCM) para que sua segurança seja garantida durante o exercício do mandato.

Erika Hilton é a primeira mulher transgênero a ocupar uma cadeira na Câmara Municipal de São Paulo. Ela foi a sexta mais votada da capital paulista, com 50.508 votos.