Mônica Bergamo é jornalista e colunista.
Comparação de restrições da pandemia a atos nazistas indigna comunidade judaica
Ministros, secretários, empresários já compararam isolamento a cenas do Holocausto
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A comparação de situações vividas durante a epidemia de Covid-19 a atos praticados pelo regime nazista de Adolf Hitler tem indignado a comunidade judaica brasileira.
PESOS
“Tem gente querendo comparar isolamento social a campo de concentração. Campo de concentração foi feito para matar pessoas. O isolamento é feito para salva-las”, diz Luiz Kignel, presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp).
MEDIDAS
“Pode-se até discordar de certas ações adotadas para conter a pandemia, mas não é uma política para exterminar pessoas”, segue ele.
RELAÇÃO
Na terça (16), o empresário bolsonarista Otávio Fakhoury relacionou eventuais ações mais restritivas do Governo de SP à Gestapo, polícia secreta da Alemanha nazista.
MOTE
Na semana passada, uma advogada citou a frase “Arbeit macht frei” [o trabalho liberta]—lema afixado em campos de extermínio como o de Auschwitz— em um vídeo criticando o governo do RS pelo fechamento de atividades não essenciais no estado.
MORTE
No começo deste mês, lideranças religiosas compararam o Brasil da pandemia a uma “câmara de gás a céu aberto” em carta pública —após críticas, o documento foi refeito sem esse trecho.
ONTEM
Também em março, o secretário especial da Cultura do governo federal, Mario Frias, foi criticado por postar um trecho do filme “A Lista de Schindler”, sobre o Holocausto, como analogia a medidas de restrição ao funcionamento de determinadas atividades. Em 2020, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, comparou o isolamento social aos campos de concentração que mataram judeus.
HOJE
A Confederação Israelita do Brasil (Conib) e a Fisesp já emitiram nota repudiando muitas dessas comparações. A Conib criou campanha contra a banalização do Holocausto.
AMANHÃ
“Quando se vulgariza a história, você permite que as pessoas percam a noção da gravidade do que aconteceu”, afirma Kignel. “A pandemia não pode ser usada para disseminar discurso de ódio. Uma hora ela termina e ele fica.”
QUARENTENA
com BRUNO B. SORAGGI, BIANKA VIEIRA e VICTORIA AZEVEDO
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