Mônica Bergamo é jornalista e colunista.
Srougi diz que médico pró-cloroquina cotado para a Anvisa 'envergonha' colegas
Urologista e professor titular da USP, Miguel Srougi relata que Hélio Angotti produziu apenas um artigo científico nos últimos dez anos e 'como quarto coautor'
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O urologista Miguel Srougi, também professor titular da Faculdade de Medicina da USP, diz que Hélio Angotti, médico pró-cloroquina que trabalha no Ministério da Saúde e é cotado pelo governo Bolsonaro para integrar a cúpula da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), "envergonha a maioria dos seus colegas".
Srougi compartilhou o relato de que, "depois dos despautérios proferidos" por Angotti, teve a curiosidade de explorar a produção científica dele na base PubMed, que reúne pesquisas médicas. Encontrou sete artigos publicados desde 2005, sendo "apenas um nos últimos dez anos, na Revista Latino-Americana de Enfermagem, como quarto coautor".
"Isso talvez explique", segundo Srougi, "dois sentimentos insuportáveis que se espraiaram pela comunidade médica: a sensação de que a 'nota técnica' [que aponta eficácia e segurança comprovadas da hidroxicloroquina para a Covid] tenha sido redigida por um analfabeto funcional em ciência e que o Ministério da Saúde está apodrecido, porque suas lideranças não prestam".
Angotti é um dos líderes do núcleo pró-cloroquina do Ministério da Saúde, também integrado pela secretária Mayra Pinheiro, conhecida como "Capitã Cloroquina". Foi ele quem assinou a nota técnica do Ministério da Saúde que contraria entidades científicas ao apontar eficácia e segurança comprovadas da hidroxicloroquina para a Covid e que coloca em xeque a eficácia da vacina.
Esse texto gerou reação e repúdio de especialistas e integrantes da própria Anvisa.
CORTINA ABERTA
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JOELMIR TAVARES (interino), com LÍGIA MESQUITA, BIANKA VIEIRA e MANOELLA SMITH
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