O coletivo Advogadas e Advogados pela Democracia apresentou uma notícia-crime ao Ministério Público Federal contra o empresário bolsonarista Cássio Cenali. Morador de Itapeva, no interior de São Paulo, ele ficou conhecido após tentar humilhar uma diarista que declarou voto em Lula (PT).

Na representação, os advogados pedem que Cenali seja investigado pelo crime de fraude após ter recebido cerca de R$ 5.000 em auxílio emergencial do governo federal. Eles solicitam, ainda, que seja apurada a suposta prática de compra de votos por meio da entrega de marmitas a pessoas em situação de vulnerabilidade.

Segundo o Portal da Transparência da Controladoria-Geral da União, o empresário bolsonarista recebeu, entre abril de 2020 e outubro de 2021, 15 parcelas do auxílio previsto para a população de baixa renda.

"Não se vislumbra que uma pessoa que distribua 60 marmitex semanais devesse ter sido beneficiada pelo auxílio emergencial", afirmam os advogados na notícia-crime. Procurada, a defesa do empresário diz que não recebeu nenhuma notificação e, por isso, não pode comentar.

A representação é assinada pelos advogados Tânia Mandarino, Claudio Antonio Ribeiro, Ivete Caribé da Rocha, José Carlos Portella Jr., Leina Maria Glaeser, Lucas Rafael Chianello, Marcelo Tadeu Lemos de Oliveira e Marcos Cândido Rodeiro.

Eles ainda destacam que Cássio Cenali se apresenta como produtor rural e tem registrado em seu nome uma empresa de criação de bovinos para corte e cultivo de milho, localizada em Itapeva.

No vídeo que viralizou nas redes sociais após ser divulgado pelo portal Jornalistas Livres, o empresário afirmou que não forneceria mais quentinhas para a diarista Ilza Ramos Rodrigues depois de descobrir que ela votaria em Lula.

"Ela é Lula [PT]. A partir de hoje não tem mais marmita", disse, enquanto filmava a cena. "A senhora peça para o Lula agora, beleza?", continuou.

Na notícia-crime apresentada ao Ministério Público Federal, os advogados acusam o empresário de condicionar a doação de refeições semanais ao voto no presidente Jair Bolsonaro (PL).

"O noticiado [Cássio Cenali] não apenas ameaçou deixar de dar semanalmente as marmitex para a não declarante de voto em seu candidato à Presidência da República, como, de fato, deixou de dar, não comparecendo mais ali, na outra quarta-feira, com o alimento que antes chegava religiosamente", afirmam.

"A conduta do Noticiado se configura na prática, em tese, do crime de compra de voto", diz o documento.

SABATINA

O ex-secretário municipal de Saúde de São Paulo e candidato ao Senado Edson Aparecido (MDB) esteve presente no debate com candidatos ao Governo de São Paulo, na noite de terça (13), no Memorial da América Latina, na capital. Os também postulantes à Casa Márcio França (PSB) e Marcos Pontes (PL) comparecem ao evento, realizado por Folha, UOL e TV Cultura. O ex-secretário de Comunicação do governo Bolsonaro Fabio Wajngarten também passou por lá.

_{com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH}