A operação de busca e apreensão realizada nesta quarta (3) na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), além da prisão de alguns de seus mais próximos ex-assessores, teve uma repercussão imediata inédita nas redes sociais. A análise é da consultoria Quaest, que comparou o episódio a outros temas que geraram grandes movimentações no ambiente virtual nos primeiros meses do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A operação acumulou 464 mil menções até as 16h desta quarta-feira, sendo 81% delas críticas ao ex-mandatário e 19% favoráveis a ele. De acordo com a consultoria, aqueles que saem em sua defesa buscam banalizar a ação da Polícia Federal (PF).

Ao todo, as publicações relacionadas à operação teriam gerado cerca de 26,5 milhões de interações até a tarde desta quarta, segundo a Quaest. O levantamento levou em consideração postagens feitas nas redes Twitter, Instagram, Facebook e YouTube e em sites de notícias.

A repercussão se sobrepôs até mesmo à registrada quando o caso das joias presenteadas pela Arábia Saudita veio à tona, em março deste ano. Na ocasião, entre os dias 4 e 6 daquele mês, foram contabilizadas 295 mil menções ao episódio, sendo 60% delas contrárias a Bolsonaro e 40% favoráveis, além de um alcance de 16,9 milhões de interações.

"A operação da PF na casa de Bolsonaro repercutiu 54% a mais que o arcabouço fiscal, por exemplo", destaca o relatório da Quaest.

Até então, a proposta do Ministério da Economia tinha sido o tema de maior apelo nas redes sociais, tendo alcançado mais de 17 milhões de interações apenas no dia 30 de março, segundo a consultoria. Na ocasião, 53% das menções expressavam sentimentos positivos, e 47%, negativos.

A ação policial desta quarta teve ainda um engajamento maior do que o registrado com a proposta de taxação de produtos importados, que chegou à marca de 280 mil menções no período entre os dias 1º e 13 de abril. O saldo negativo, porém, foi maior: de 78%, contra 22% que acenaram positivamente à proposta.

A Polícia Federal suspeita que dados falsos de vacinação tenham sido inseridos em registros do SUS do ex-presidente para emitir um certificado, e cumpriram, na manhã desta quarta-feira (3), mandado de busca e apreensão em endereço de Bolsonaro e de prisão contra seus ex-assessores Mauro Cid e Max Guilherme.

Segundo a corporação, o ex-mandatário —alvo de investigação da PF— sabia da inserção forjada dos dados no sistema do Ministério da Saúde, mantendo-se inerte em relação ao cometimento da fraude.

Bolsonaro chegou a prometer apresentar esse documento, mas o acesso sempre foi negado por sua gestão em questionamentos feitos via Lei de Acesso à Informação.

OLHO VIVO

A fotojornalista da Folha Gabriela Biló recebeu convidados para o lançamento, na capital paulista, do livro "A Verdade vos Libertará", realizado na livraria Megafauna, na terça (2). O volume reúne fotografias feitas por ela e organizadas em parceria com Cristiano Botafogo e Pedro Daltro, apresentadores do podcast "Medo e Delírio em Brasília". O cineasta e fotógrafo João Wainer compareceu ao evento. A advogada Roberta Demange também esteve lá.

_{com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH}