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Descrição de chapéu X STF

Senadores desafiam STF e seguem fazendo postagens no X

Tribunal bloqueou acesso à plataforma no Brasil e estipulou multa de R$ 50 mil para quem burlasse a determinação

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São Paulo e Milão (Itália)

Senadores seguiram postando mensagens no X mesmo depois da suspensão da plataforma no Brasil e da determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) de multar aqueles que tentem burlar o bloqueio. O acesso ao X está bloqueado desde o sábado (31).

Pelo menos oito parlamentares fizeram postagens desde a suspensão, efetivada no domingo (1o): Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Eduardo Girão (Novo-CE), Sergio Moro (União-PR), Rogério Marinho (PL-RN), Marcos do Val (Podemos-ES), Jorge Seif (PL-SC), Hamilton Mourão (Republicanos-RS) e Paulo Paim (PT-RS).

Post do senador Flavio Bolsonaro (PL-RJ) no X - Reprodução

A assessoria de Paim afirma que abrirá um Boletim de Ocorrência na polícia, já que a mensagem não teria sido postada por seu gabinete. "Decisão do STF não se discute, se cumpre", afirma.

Os demais senadores, de oposição ao governo, postaram mensagens questionando a decisão do ministro Alexandre de Moraes e explicitaram que usavam a plataforma apesar da proibição do Supremo.

Na domingo (1º), Flávio Bolsonaro escreveu que Alexandre de Moraes é "o grande câncer da democracia brasileira". E convocou seus seguidores para os atos de 7 de Setembro organizados para defender o impeachment do magistrado.

Ele escreveu que a mobilização é necessária para que a corregedoria do Senado "funcione", dando andamento ao pedido que visa tirar Moraes da Corte.

"Todos os 81 senadores e os 11 ministros do STF sabem que existem infinitos motivos para fazer o impeachment de Alexandre de Moraes. Ele é o grande câncer da democracia brasileira e o STF não pode mais continuar dando suporte a seus delírios vingativos! Todas as suas decisões são publicamente ilegais", afirmou.

Flávio também escreveu mensagens em inglês –em uma delas, pedia para que as pessoas assinassem um manifesto pelo impeachment de Moraes.

O senador Sergio Moro seguiu postando no X para se comunicar "com os paranaenses e com a comunidade internacional". Mas teve o cuidado de afirmar que não estava acessando a plataforma a partir do Brasil. E sim pedindo a um "amigo nos US [Estados Unidos] para postar a partir de lá na minha rede".

"Se a imprensa pode usar correspondentes [internacionais que acessam o X e divulgam conteúdos das publicações], eu posso usar meus amigos no exterior", afirmou ele na segunda (2).

Moro escreveu ainda que é senador da República e que, de acordo com a Constituição Federal "em pleno vigor", tem "imunidade material por opiniões, palavras e votos".

"Se entenderem que [a Constituição] foi revogada ou suspensa, que me avisem primeiro. Continuarei, assim, postando minhas opiniões, inclusive as críticas, como sempre sem ofensas pessoais, nessa rede que constitui um importante instrumento do mandato e meio de comunicação com os paranaenses e com a comunidade internacional".

Seguidores o criticaram: "Falou o frouxo que passou três dias consultando todos os assessores, advogados, amigos e aspones para poder fazer um post numa rede social, e além de frouxo é cara de pau para esfregar na cara do cidadão comum as regalias do seu cargo pago com nosso dinheiro", afirmou um deles. "Cara, como você é fraco e covarde, pqp", disse outro.

O senador Rogério Marinho, que está licenciado, também seguiu ativo no X. E usou a plataforma para convocar as pessoas para os atos de 7 de Setembro que vão pedir o impeachment e até a prisão de Alexandre de Moraes.

Na segunda (2), ele retuitou uma reportagem sobre o decreto de prisão do ex-candidato à Presidência da Venezuela, Edmundo González, e afirmou: "O que está em jogo é a nossa liberdade, o que acontece na Venezuela poderá acontecer no Brasil se não defendermos o nosso direito de sermos livres. Dia 7 de Setembro todos nas ruas em defesa da Constituição e contra abusos".

O senador Marcos do Val também seguiu postando, inclusive em inglês.

Do Val é um dos pivôs da disputa entre Elon Musk e o STF. O bilionário desobedeceu a ordem judicial para retirar o perfil do parlamentar do ar.

O senador é investigado por supostamente integrar uma organização criminosa que tenta coagir e ameaçar delgados federais que atuam na investigação sobre as milícias digitais no Brasil.

Já o senador Jorge Seif Junior retuitou uma postagem do PT para mostrar que o partido também seguia atuante na plataforma, apesar da suspensão determinada por Alexandre de Moraes. "Olha que fofo! PT segue normalmente no X... Viva la libertad, CARAJO!", escreveu ele.

Em outras postagens, o parlamentar publicou frases atribuídas a Franklin D. Roosevelt, John F. Kennedy e Thomas Jefferson sobre liberdade.

O PT afirma que a postagem já estava agendada, e que não foi possível desprogramá-la já que o acesso à plataforma foi bloqueado. Novas postagens estão suspensas.

O senador Eduardo Girão escreveu em seu perfil que Moraes "deixou 22 milhões de brasileiros órfãos do X por interesses próprios... não ficará assim". E retuitou outras lideranças que seguem usando a rede, como o deputado federal Marcel van Hattem (Novo-RS).

Na mensagem compartilhada por Girão, Hattem informa que a ação de seu partido no STF pedindo a reversão da suspensão do X "caiu para [o ministro Kassio] Nunes Marques decidir. Cabe a ele agora dar a liminar para suspender a censura!".

Outro deputado que segue usando o X é o bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG). Em uma das postagens, ele escreveu em inglês e se dirigiu à candidata à Presidência dos EUA questionando o que ela pensa da "ditadura no Brasil".

Em português, chamou o ministro do STF de "Mimado de Moraes" e disse que não migrará para outras plataformas. "X é meu país", afirmou.

A coluna procurou os parlamentares. Em nota, Flávio Bolsonaro disse que é "parte no processo conduzido e manipulado ilegalmente por Alexandre de Moraes".

"Não fui citado para apresentar minha possível defesa e não tomei ciência de nenhuma decisão me obrigando a não fazer algo. Que eu saiba, a imprensa ainda não virou Diário Oficial e tenho imunidade parlamentar por minhas opiniões, palavras e votos, inclusive em minhas redes sociais, pois são extensão do meu mandato. Alexandre de Moraes tem a obrigação de seguir as leis brasileiras para tomar suas decisões e nenhum brasileiro é obrigado a seguir decisões tomadas com base nas leis alexandrinas, pois o Congresso Nacional não as aprovou e não foram sancionadas pelo Presidente da República", afirmou o senador.

O restante dos deputados e senadores de oposição não quis se pronunciar.

Já o gabinete Paim disse que o X apenas foi usado "quando ele estava desbloqueado". "O gabinete do senador Paulo Paim recebeu com surpresa a notícia. A mensagem citada foi postada apenas no Threads e no BlueSky. Será registrada uma ocorrência policial. Decisão do STF não se discute, se cumpre."


TRANSGRESSORA

A diretora Susanna Lira recebeu convidados como o ex-jogador Walter Casagrande Jr. no lançamento do seu novo documentário, "Fernanda Young: Foge-me ao Controle". A atriz Maria Ribeiro e Catarina Young, filha de Fernanda, prestigiaram a sessão especial do filme, realizada no anexo do Espaço Cinema Augusta, em São Paulo. A diretora assistente do longa, Clara Eyer, também compareceu ao evento.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH; colaborou MICHELE OLIVEIRA, repórter da Folha em Milão

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