Correspondente da Folha na Ásia
Trump se vê cercado por todos os lados, do NYT à Fox News
Casa Branca acusa até a estatal Voice of America de 'promover propaganda estrangeira', da China
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O presidente americano tirou o fim de semana para atacar o "Partido de Oposição das Fake News", do New York Times à Fox News. Em suma, alega que a "mídia corrupta" usa "toda a sua força" para impor a ideia de que ele "ignorou alertas".
Seu alvo maior foi a manchete impressa e digital do NYT de domingo 12 (abaixo), "Apesar dos alertas, Trump demorou para agir". Logo abaixo, "Avisos de pandemia começaram cedo e foram frequentes".
Sobrou também para o Washington Post, que havia publicado reportagem parecida no domingo 5 (acima), para a manchete "70 dias de negação, atrasos e disfuncionalidade".
Segundo Trump, "o fracassado NYT" e "o Amazon WP", este tratado assim por ter o mesmo dono da empresa de tecnologia, Jeff Bezos, inventam fontes para "difamar e depreciar".
Em seguida ele se voltou, sempre via Twitter, para CNN e Fox News, cujos programas dominicais de entrevistas ecoaram a questão do atraso em sua resposta ao coronavírus --chegando à manchete do agregador Drudge Report, referência da direita americana.
A entrevista em que Anthony Fauci, da força-tarefa contra o coronavírus, respondeu à CNN que os EUA teriam evitado mortes se tivessem reagido antes levou Trump a retuitar mensagem defendendo a demissão do médico, como noticiaram NYT e WP.
Mas o que doeu mais foi o canal do maior aliado, Rupert Murdoch, que já havia publicado editorial contra ele no Wall Street Journal. "O que diabos está acontecendo com a Fox News? É um jogo totalmente novo por lá!", escreveu Trump.
'DOGS'
O NYT noticiou na quarta (8) que "genomas mostram que a maioria dos casos de coronavírus em Nova York veio da Europa, não da Ásia". Trump foi responder no fim de semana, no meio de seu desabafo de Twitter:
"Então agora o NYT Fake News está rastreando as origens do coronavírus de volta à Europa, não à China. Eles foram expulsos da China como cães e obviamente querem voltar. Triste!"
PROPAGANDA ESTRANGEIRA
O alvo mais inusitado de Trump, não diretamente, mas através da newsletter da Casa Branca, foi a estatal Voice of America, como noticiaram WP e outros. Sob o título "VOA gasta o seu dinheiro [do cidadão] para promover propaganda estrangeira", reclamou da cobertura positiva do serviço de notícias para o fim da quarentena em Wuhan:
"Pior ainda, embora grande parte da mídia americana siga a liderança da China, a VOA foi um passo além: criou gráficos com estatísticas do governo comunista para comparar as mortes por coronavírus na China e nos EUA."
'INOCÊNCIA'
A revista do francês Le Monde pediu para 16 de seus fotógrafos em confinamento produzirem autorretratos (acima), para "marcar um retorno a uma certa inocência".
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