Correspondente da Folha na Ásia
'Ninguém põe fé' no pacto UE-Mercosul, com ou sem 'show de Lula'
Europa quer 'recuperar terreno perdido para a China', diz FT, mas volta a atrapalhar 'acordo-chave' após 20 anos
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Agências ocidentais não esperam muito da cúpula de sul-americanos e europeus em Bruxelas, nesta segunda e terça, cujo foco é o acordo comercial União Europeia-Mercosul. AFP, Efe e Reuters destacam que deve ter "poucos avanços", pois causa "medo nos agricultores da Europa" e "ninguém põe muita fé".
Sem o mexicano AMLO, "vai ser mais um show de Lula", ironizou um especialista da Universidade de Nova York ouvido pela Efe. O presidente do Brasil, que assumiu a direção do Mercosul, relutava, mas acabou viajando para tentar avanços no acordo.
O Financial Times fez editorial criticando a UE pelo "atraso em redescobrir a América Latina, região crucial para a transição energética". E por ter, após 20 anos de negociação, exigido "salvaguardas ambientais adicionais, que aos olhos latino-americanos são protecionismo agrícola mal disfarçado".
Em reportagem, o jornal acrescenta que "Bruxelas tem esperança de recuperar terreno perdido para a China", lembrando que nestas "duas décadas a UE saiu de maior parceiro comercial do Brasil para terceiro". Mas repisa que "o acordo-chave com o Mercosul segue parado e poucos esperam avanço".
Ressalta o questionamento das sanções ambientais levantado pelo assessor especial Celso Amorim na organização Chatham House, dizendo que o adendo europeu "não é de boa fé e foi apresentado de forma totalmente inapropriada".
Em extensa entrevista ao diário Frankfurter Rundschau, o presidente da FGV, Carlos Ivan Simonsen Leal, vai além na crítica. No título entre aspas, uma declaração: "Não somos colegiais que se deixam sancionar pelas potências coloniais" (reprodução acima).
Outras passagens destacadas: "o problema é que algo foi acordado, algo foi assinado, e agora estão sendo propostas novas regras"; "vocês não nos veem como parte do mundo ocidental"; "a Europa está sendo canibalizada" pelos EUA, a partir da guerra.
'UMA LOBISTA AMERICANA'
A cúpula acontece em meio a uma revolta na própria União Europeia, por uma nomeação para a Direção-Geral de Concorrência do bloco. No título do francês Le Monde (acima), "Nomeação de Fiona Scott Morton, lobista americana, para um cargo elevado na Comissão Europeia é polêmica em Bruxelas".
Uma carta dos líderes dos principais grupos políticos no Parlamento Europeu, de um alemão pela centro-direita a um espanhol pela centro-esquerda, cobrou rever a escolha. Morton, segundo Politico e FT, foi consultora de Apple, Amazon e Meta, entre outras big techs americanas, e atuou no governo americano.
Ela toma as rédeas, questionam os críticos, "no momento em que a Europa embarca na regulamentação digital mais ambiciosa do mundo".
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