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Filósofo, mestre em Educação, doutor em Ciências Sociais, coach executivo e consultor em storytelling.

O que você fez pelos outros em 2023?

Tem um universo próprio que você só explora quando se lança à gratidão de dar sem olhar a quem

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Essa coluna é sobre você. Muitos estudos têm mostrado que a maior fonte da felicidade são as relações humanas. Dentre elas, a capacidade de ajudar os outros é uma das mais especiais.

No ano de 2023, quantas vezes você ajudou a pessoas que talvez não tivessem as condições para retribuir a você aquilo que você estava dando para elas?

Não estou falando de fazer beneficência ou de só dar dinheiro para alguma ONG. Tudo isso está perfeito e pode transformar a vida de muitas pessoas. Porém, eu estou falando de doar o que você tem de mais precioso: você mesmo, o seu tempo.

"Perder" seu tempo com outros —que não podem pagar nem recompensar você por isso— pode levar você a refletir que talvez estava perdendo o tempo quando você se achava muito ocupado.

Tem um universo próprio que você só explora quando se lança à gratidão de dar sem olhar a quem. Parece romântico, mas é uma realidade muito antiga: se doando você recebe, perdendo-se você se encontra.

Voluntários carregam água e mantimentos para doar a famílias atingidas por deslizamentos de encostas em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, em fevereiro deste ano - Bruno Santos - 22.fev.2023/Folhapress

Contribuí muitos anos como voluntário com pessoas que moravam na rua. A primeira pergunta interna que ninguém faz, mas muitos pensam é "que tem um morador de rua para me ensinar?". E, sim, a primeira resposta inconsciente é "coisa nenhuma".

Justamente por isso muitas pessoas não conseguem ser empáticas e generalizam dizendo: "são vagabundos", sem mais.

Ter a possibilidade de ouvir essas pessoas me fez refletir bastante sobre como usava meu coração e meu tempo. Em poucas oportunidades ponderamos aquelas pessoas que não são parte de nosso círculo íntimo de familiares e amigos.

Ajudar uma tia ou um afilhado não parece ser uma coisa complexa. No entanto, ajudar pessoas que não tem aparentemente nada para nos devolver pode ser diferente.

Eu conheci histórias impensáveis conversando com pessoas sem recursos. Conheci moradores de rua que tinham sido pessoas de classe média-alta com consumos culturais elevados e que foram perdendo seu capital e caindo nessa escuridão das ruas.

Conheci moradores de rua que falavam três línguas, porém sofreram uma grande depressão por causa de uma perda afetiva, o que acabou com a perda de tudo. Muitos deles tinham caído no álcool e nos vícios. É simples julgar desde fora, mas não é fácil morar na rua e se manter sensato. A rua muda a pele e muda a alma. Altera tudo.

Poderia continuar falando das histórias deles, porém essa coluna é sobre você. Tem pessoas nas quais você pode impactar de diversas maneiras e que podem socorrer você para sair dessa doideira da reclamação constante e do pessimismo nos quais muitos tendemos cair.

Muitas pessoas superocupadas conseguem mudar a loucura da correria na qual vivem quando enxergam que outros em condições desvantajosas tem uma maior alegria que eles que moram num conforto absoluto, mas longe do desfrute profundo e sereno da alegria.

Semear a felicidade em quem tem pouco para nos retribuir é uma semente para reconhecer tudo o que temos, assim como para encontrar a nossa própria satisfação.

Com certeza você atingiu muitas metas e objetivos nesse 2023. Dentre eles, alguns dos mais reconfortantes devem ter sido aqueles nos quais você ajudou os outros a viver melhor.

Quando você ajuda a outro, você esquece por um instante de seus problemas. Você se descentra e acaba reconectando de um jeito novo com você. Olhar aos outros, muda seu olhar sobre você mesmo. É transformador e terapêutico.

Nesse filme que começa chamado 2024, coloque este assunto no roteiro. Seja um bom ator de elenco na vida de outros para acabar sendo um verdadeiro protagonista na sua própria história.

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