Nicolás José Isola

Filósofo, mestre em Educação, doutor em Ciências Sociais, coach executivo e consultor em storytelling.

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Elogio das coisas simples

Os filhos têm de reconhecer que as coisas boas demoram

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Nós, seres humanos, procuramos ser felizes. Conhecemos pessoas, estudamos, construímos famílias, saímos de férias... muito do que fazemos tem como objetivo a felicidade. Então, por que é tão difícil sermos felizes?

Muitas vezes, porque sentimos que nossa vida é um caos, porém é preciso ser feliz no caos. Não devemos esperar o caos passar para daí reconhecermos que no passado fomos felizes. Nossas expectativas muitas vezes se chocam contra a realidade. Procuramos a felicidade num nível em que nada acaba nos satisfazendo.

Ninguém nos treina quando somos crianças nessa arte. Não sabemos quais são os botões que a gente tem que apertar para achar a felicidade. As ferramentas que temos não nos alcançam e isso pode ser frustrante. Muito.

Deitada sore um gramado, menina sorri e acena com as mãos
Astrid Pereira por Pixabay

Os mestres na arte da felicidade falam que ela está nas pequenas coisas, nos detalhes mais simples. Uma flor, uma paisagem, uma canção, uma risada.

No mundo acelerado no qual vivemos hoje, essas coisas muitas vezes passam despercebidas. Não temos tempo para nos ocuparmos nelas como nos detemos nas redes sociais, que, aliás, muitas vezes nos deixam uma sensação de tédio e aborrecimento que é totalmente contrária à felicidade.

De fato, o imediatismo é um grande problema para a felicidade. Nos tornamos impacientes e queremos a recompensa da felicidade ainda mais rapidamente. Em termos dos neurotransmissores, nosso cérebro precisa cada vez mais e mais doses de dopamina. Aprender a esperar é crucial para saber adiar nossos desejos sem deixar de desejar.

Vinte anos atrás, tínhamos que nos conectarmos à internet, hoje vivemos conectados. Moramos ali. Essa conexão é constante. Moramos em dois universos simultaneamente, o corporal e o virtual.

As pequenas coisas geralmente estão mais ligadas aos nossos corpos: olhar nossos filhos dormir, contemplar uma paisagem, acariciar nosso cachorro. A sensorialidade é crucial na nossa procura pela felicidade. De fato, a meditação é um jogo feito com o nosso corpo. Aquietar nosso corpo pode nos ajudar a relaxar nossa mente, a cuidar de nossa alma.

Estamos criando gerações com sérios déficits de atenção. Nas escolas, aparecem mais e mais casos de crianças que não conseguem manter a atenção, precisam que tudo tenha velocidade.

Muitas crianças de hoje estão acostumadas a poder assistir ao desenho que gostam imediatamente. Não sabem aguardar. Aguardar para ter alguma coisa significa também e principalmente que aquela coisa vale a pena o tempo aguardado. Isto é, que é tanto o prazer que a gente sente depois de obtê-las, que vale a pena o investimento de tempo. Aquilo implica uma estratégia de espera para alcançar aquele bem. Todos na vida temos que aguardar, porém estamos vendo que as crianças não sabem aguardar. Tudo é já. Agora. Essa sede voraz gera um inconformismo imediato.

Nossa relação com o tempo tem muito a ver com a felicidade. De fato, os estudos mostram que a meditação é muito importante para nos relaxar e conseguir nossa estabilidade emocional. Associamos a felicidade com uma certa quietude.

Também com a gratidão. As pessoas felizes são e estão agradecidas com a vida, com Deus e com os outros.

Aqueles que são pais têm que ajudar seus filhos e filhas a se deter nas coisas simples que a vida tem. Até a vida deles levou nove meses para finalmente nascer. Eles têm de reconhecer que as coisas boas demoram.

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