Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant
PT cita lenda chinesa e Mesopotâmia para tentar atrasar venda da Sabesp
Partido conta a história da água em voto de mais de mil páginas durante sessão que analisa projeto de Tarcísio de Freitas
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O voto em separado da bancada do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo para tentar atrasar a privatização da Sabesp, um calhamaço com 1.174 páginas, explica os estados da água, cita lendas chinesas e resgata até a história da Mesopotâmia.
O objetivo do partido é postergar o máximo possível a votação da companhia de água e esgoto paulista, uma das principais bandeiras do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Para isso, durante o conjunto de comissões convocado para analisar o assunto, os petistas têm usado do regimento para ler na íntegra seu imenso voto em separado.
Na sessão desta quarta-feira (8), o deputado Luiz Cláudio Marcolino foi o escalado para a tarefa.
Citando o site Tecmundo, por exemplo, o material dos oposicionistas diz que "a água está em
toda parte na Terra –nas nuvens, na chuva, nos oceanos, nos rios e até mesmo em nossos próprios corpos– e podemos encontrá-la facilmente em qualquer um dos seus estados líquido, sólido ou gasoso".
Em outro ponto, o partido cita uma lenda chinesa sobre a existência de vários sóis há milhares de anos. "Há milhares de anos, dez sóis aqueciam terrivelmente a Terra, e então fora chamado um grande arqueiro que atirou suas flechas certeiras e derrubou nove dos dez enormes planetas de fogo, impedindo assim que toda a nossa água se perdesse", leu Marcolino.
O material desenterra também o uso da irrigação iniciado em 5.000 a.C, na Mesopotâmia, China e Egito, ao afirmar que "nessa altura já se obtinha habitualmente água doce a partir de poços, utilizando-se um balde (embora a maior parte dos aldeamentos se situasse perto de rios)".
Em alguns momento da sessão, até governistas acharam graça da situação.
O material do partido, em alguns pontos, cita até autores simpáticos às privatizações e argumentos positivos sobre venda de ativos públicos. Entre eles, a possibilidade de atrair capital privado para novos investimentos.
Mais adiante, porém, o material fala também que essas expectativas não se realizaram. "Por tudo isso, fica evidente que as tantas vantagens e benesses do mercado, tão divulgadas, não se apresentaram. O que aconteceu foi a entrega de patrimônio público ao setor financeiro", diz trecho do voto.
A leitura, que não pôde ser esgotada em apenas uma sessão, aconteceu no chamado congresso de comissões, etapa anterior à discussão em plenário, na qual haverá discussão dos grupos de Infraestrutura, Orçamento e Constituição e Justiça conjuntamente. A oposição vê a junção das comissões como tática para diminuir a discussão sobre o assunto.
Antes de o PT iniciar seu voto, o relator do projeto, o governista Barros Munhoz (PSDB), leu seu parecer em favor da privatização. No caso dele, um material bem menor, com 52 páginas.
Além do PT, o PSB, também contrário à venda da companhia, pretende ler um relatório próprio, com mais 200 páginas.
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