Editado por Guilherme Seto (interino), espaço traz notícias e bastidores da política. Com Catarina Scortecci e Danielle Brant

MST

MST protesta por reforma agrária uma semana após reunião com Lula

Movimento realiza manifestações em sedes do Incra e em bancos de 29 cidades do país

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Uma semana após encontro com o presidente Lula (PT), o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) realiza uma série de ações para pressionar pela realização da reforma agrária. Os manifestantes também cobram investimentos públicos para incentivar a produção de alimentos saudáveis.

A mobilização nacional começou na terça-feira (23) e segue até sábado (27).

De acordo com o MST, até a manhã desta sexta-feira (26) foram registradas mobilizações em 29 cidades de 15 estados: Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Goiás, Bahia, Sergipe, Pernambuco, Ceará, Piauí, Roraima, Maranhão, São Paulo, Rio Grande do Norte e Paraíba.

Cerca de 20 mil pessoas participaram dos protestos, que incluíram atos em sedes do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), em bancos e também ocupações de terra.

Há uma semana, em 19 de julho, o presidente Lula se reuniu com representantes de 70 movimentos sociais na capital paulista, incluindo o MST, e ouviu apelos por mais diálogo com as organizações.

Lideranças do movimento têm cobrado o governo Lula repetidamente a respeito da distribuição de terras e do investimento em programas da agricultura familiar.

Em 7 de setembro de 1979, cerca de 110 famílias ocupam a fazenda Macali, no município de Ronda Alta, no Rio Grande do Sul; a ação é considerada como um dos atos iniciais do MST. Coletivo de Acervo e Memória MST/

Em seminário da CPT (Comissão Pastoral da Terra) de setembro de 1982, é levantada a ideia da criação de um movimento nacional dos sem-terra que fosse autônomo à Igreja Católica. Acervo de Arquivo e Memória MST/

O MST é criado durante o Primeiro Encontro Nacional dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra; o evento ocorreu em Cascavel (PR) em janeiro de 1984. Acervo de Arquivo e Memória MST/

Em janeiro de 1985, o MST realiza seu 1° Congresso Nacional; a direção nacional é composta por 20 integrantes e a palavra de ordem é Ocupação é a única solução. Acervo de Arquivo e Memória MST/

Em 1988, o MST vê o fracasso das propostas de reforma agrária ao final da Constituinte; no 4º Encontro Nacional, em Piracicaba (SP), é aprovada resolução que visa eleger o maior número possível de militantes nas eleições municipais de novembro. Acervo de Arquivo e Memória MST/

Em maio de 1990, o MST organiza o segundo Congresso Nacional, em Brasília; sentindo a repressão do governo Collor, o movimento decide buscar apoio nas cidades. Acervo de Arquivo e Memória MST/

A primeira audiência oficial do MST com um presidente da República acontece em 2 de fevereiro de 1993; o presidente era Itamar Franco. Folhapress/Eugênio Novaes - 2.fev.93

Cerca de 5.000 delegados aprovam, no 3° Congresso Nacional do MST ocorrido em 1995, o lema: "Reforma Agrária, Uma Luta de Todos". Arquivo MST/Coletivo de Acervo e Memória MST/

Em 17 de abril de 1996, 19 trabalhadores rurais ligados ao MST são assassinados por policiais militares durante a desobstrução da rodovia PA-150, em Eldorado do Carajás (PA); o caso tem repercussão internacional e fortalece o nome do movimento. Folhapress/Jorge Araújo - 20.abr.96

Em 1998, o MST promove onda de invasões a prédios públicos e pressiona por créditos a novos assentados da reforma agrária. Folhapress/Jorge Araújo - 17.mar.98

Em 2000, a direção nacional do MST passa a ser dividida igualmente entre homens e mulheres; o governo edita medida provisória que impede a desapropriação de áreas ocupadas, e o MST entra em refluxo. Coletivo de Acervo e Memória MS/Débora Lerrer

O MST ocupa, em março de 2002, uma fazenda do presidente Fernando Henrique Cardoso em Buritis (MG); o governo classifica a ação como 'terrorista'. Folhapress/Alan Marques - 04.jul.20

Apesar de o PT (Partido dos Trabalhadores) também ter condenado a ocupação da fazenda de FHC, o MST atua na campanha de eleição de Lula no segundo semestre de 2002. Acervo de Arquivo e Memória MST/

Lula coloca um boné vermelho do MST durante audiência com líderes do movimento em maio de 2003; a oposição o acusa de ser conivente com ocupações de terra, e o gesto leva à primeira crise do governo petista; é criada a CPI da Terra para investigar o movimento. Folhapress/Alan Marques - 02.jul.03

Em 2004, João Pedro Stedile declara que "abril vai ser o mês vermelho", numa referência à proliferação de ações do MST; naquele mês, o governo registra 109 ocupações, 79 delas do movimento, número recorde. Folhapress/Macarena Lobos - 31.mar.04

Quinze mil integrantes do MST percorrem a pé os 200 km entre Goiânia e Brasília, na maior marcha da história do movimento, em maio de 2005; no auge da crise do Mensalão, em agosto, o movimento sai às ruas em oposição ao impeachment de Lula. Reuters/Adriano Machado - 12.ago.05

Apesar da lentidão da reforma agrária no primeiro mandato petista, o MST anuncia em 2006 apoio a Lula no segundo turno, na disputa contra o tucano Geraldo Alckmin. Folhapress/Rodrigo Paiva - 16.set-06

Após ter poupado Lula durante todo o primeiro mandato, no qual centrou a pressão na equipe econômica do governo, a cúpula do MST decide mirar seus ataques diretamente no presidente; em 2007, um cartaz com a foto do petista é espalhado pelo país com a frase 'Por que não sai reforma agrária?'. Folhapress/Rafael Andrade - 27.nov.07

O MST publica, em 2008, a "Carta de Felisburgo", sobre massacre ocorrido em 2004 na região do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais; na foto, pessoas participam de missa da cinco sem-terra assassinados por pistoleiros. Folhapress/Lalo de Almeida - 26.nov.04

O MST invade uma fazenda da empresa de sucos de laranja Cutrale, em 2009; o movimento admite ter destruído pés de laranja, mas nega outras acusações de depredação. Folhapress/Jorge Araújo - 7.out.09

O último ano do segundo mandato do governo Lula é marcado pela redução do número de famílias assentadas e do número de hectares voltados à reforma agrária; na foto, Lula participa de evento em acampamento do MST. Folhapress/Avener Prado - 16.abr.16

O MST ocupa, em abril de 2012, o Ministério do Desenvolvimento Agrário; o movimento afirma que o ano é o pior para assentamentos desde 1995. Folhapress/Lula Marques - 16.abr.12

Lideranças do MST divulgam, em 2014, carta com críticas ao governo de Dilma Rousseff (PT) sobre a política agrária; a carta é entregue à presidente um dia após 30 manifestantes ficarem feridos depois de confronto com a polícia durante marcha que reuniu cerca de 15 mil pessoas em Brasília. Folhapress/ Pedro Ladeira - 12.fev.14

No dia 26 de abril de 2016, o MST organiza protestos em ao menos sete estados contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) e a favor da reforma agrária; no ano seguinte, o governo de Michel Temer (PMDB), visto como golpista pelos manifestantes, não assenta nenhuma família. Folhapress/Diego Padgurschi - 16.abr.16

Em 2018, o MST participa do Vigília Lula Livre, ação que acompanhou Lula por 580 dias enquanto o político esteve preso em Curitiba (PR), acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Divulgação/Ricardo Stuckert - 6.fev.19

O MST reduz invasões no mandato de Jair Bolsonaro, eleito pelo PSL, diante de discurso hostil do então presidente, que prega "receber os invasores de terra à bala"; na foto, produtores de leite e assentados protestam no centro de Porto Alegre. Divulgação/Leandro Molina

Na pandemia de Covid-19, o MST interrompe as invasões e inicia campanha nacional de doação de alimentos produzidos nos assentamentos; o movimento diz ter doado mais de 7 mil toneladas de alimentos e 2 milhões de marmitas. Folhapress/Eduardo Knapp - 21.set.22

De janeiro a abril de 2023, o MST ocupa mais de 30 imóveis rurais; na Câmara dos Deputados, é instalada uma CPI para investigar as invasões de terra; a comissão acabou após 130 dias, sem um relatório final. Folhapress/Pedro Ladeira

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