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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

'Em cem dias ninguém faz milagre', diz empresário

Para fundador da Stefanini, maior problema do governo Bolsonaro é a articulação

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São Paulo

Se os empresários defensores da reforma da Previdência pudessem ser divididos entre o time que aceita uma reforma tímida, mas viável, e o que só apoia uma reforma robusta, Marco Stefanini, fundador e diretor-executivo global da Stefanini, ficaria no primeiro grupo. 

Para ele, mesmo que saia desidratada, a aprovação da reforma ainda será uma vitória.

Stefanini diz que falta articulação ao presidente Jair Bolsonaro para lidar com o tema, e que não é preciso se ater aos extremos e definir o diálogo democrático como velha política.

Marco Stefanini; empresário esteve no evento de posse do novo conselho de administração da Amcham - Bruno Poletti - 15.set.14/Folhapress

João Doria, governador de São Paulo, tem incitado empresários a defender a reforma de forma proativa. O senhor está nesse time?
Como empresários, não nos posicionamos tanto politicamente, até por eu ser B2B [negócios voltados para outras empresas]. Quando você é B2C e lida direto com o público final, define algumas formas de trabalhar. O B2B tem um perfil mais discreto, mas concordo com Doria. Dentro da minha timidez, tento me posicionar. A defesa não é só da reforma, que é o primeiro passo para o resto. A diminuição de custo da Previdência ajuda a diminuir os juros, você mata dois coelhos com uma cajadada só. Para mim, [a reforma] é um divisor de águas economicamente, politicamente e até do ponto de vista de autoestima do brasileiro.

Por quê?
Porque o mercado fechou em cima da Previdência, então se não virar é um problema político e de expectativa. A economia vive de expectativa, não é uma ciência tão exata assim. O que significa a não reforma? Que o governo não conseguiu articular, que a nossa situação econômica é ruim e que vai piorar muito.

A reforma é numérica: a população está envelhecendo, a dívida está aumentando e os estados e municípios estão em situação ainda pior que a do governo federal. E aí você começa a alocar quase mais dinheiro em quem está aposentado do que no ativo, é inviável. 

Na sua opinião, melhor uma reforma simples do que não ter?
É melhor ter uma reforma do que não ter nada. Acho que Paulo Guedes colocou uma expectativa lá em cima, mesmo que saia razoavelmente desidratada, [a aprovação] ainda é uma vitória. O problema é se não sair ou sair completamente desidratada.

Na reforma do Temer falava-se de uma economia em torno de R$ 600 bilhões nos próximos anos, o Guedes considerou mais de R$ 1 trilhão. Se voltar ao patamar anterior, estamos no lucro, e aí, daqui uns quatro anos, mais ou menos, tem que fazer outra.

O governo está com dificuldade ou a expectativa em torno dele era muito alta?
Acho que é um meio termo. Algumas pessoas criaram expectativa muito alta e, como todo governo, esse tem uma série de limitações. Mas em cem dias ninguém faz milagre. A maior dificuldade é a articulação.

O governo temia fazer a "velha política".
Faz parte da política dialogar, você tem que tomar cuidado com alguns termos. Eu não gosto de extremos, não acho que precisa ser a velha política, vamos chamar assim, do toma lá da cá, mas acho que tem que conversar, tem que discutir, trocar interesse —do ponto de vista não escuso.

Isso tem acontecido muito com pessoas do setor privado que vão para o setor público, como o Macri [presidente da Argentina], por exemplo. É como um presidente de uma empresa de alimentos que vai para o varejo, tem um tempo de adaptação. Boa parte do corpo ministerial e mesmo os técnicos que vieram da atividade privada têm um tempo para aprender a máquina publica; já a articulação do presidente precisa ser mais presencial.

Leia a coluna na íntegra aqui. 

Com Igor Utsumi e Paula Soprana

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