Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012
Após protesto na Bolsa podem ocorrer mais atos em mercado e padaria, diz central sindical
Ricardo Patah, da UGT, que se opôs a greve em 2019, diz que viu ato do MTST com bons olhos
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O protesto realizado pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e pela frente Povo Sem Medo na Bolsa nesta quinta (23) pode ser o prenúncio de outras manifestações em locais como supermercados, farmácias e padarias.
Quem faz essa previsão é Ricardo Patah, presidente da UGT, segunda maior central sindical, que no início do governo Bolsonaro, em 2019, se opôs ao projeto de greve geral contra a reforma da Previdência e defendia diálogo com o presidente na época.
Hoje, Patah afirma que o diálogo é um instrumento mais poderoso, porém, tudo tem limite, e o governo precisa dar repostas ao problema da fome e da inflação em vez de ficar dizendo na ONU que o país vai bem.
“É muito emblemática a ocupação de um espaço capitalista como a Bolsa. Isso é um indicativo de que, logo logo, as pessoas podem acabar invadindo supermercados e padarias, desalentadas precisando comer. Vemos com bons olhos a sinalização de movimentos para acabar com a fome, a miséria e o desemprego”, diz Patah.
A organização do ato disse que o protesto quis evidenciar o problema da falta de comida que atinge 19 milhões de pessoas enquanto uma camada da população enriquece. Segundo a B3, o ato foi pacífico.
Adilson Araújo, presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), diz que vai consultar o fórum das centrais sindicais para publicar uma manifestação conjunta de apoio ao movimento desta quinta-feira.
"A campanha que o MTST tem a denunciar está muito sintonizada com esse estado de flagelo social. A inflação cresce, o desemprego cresce”, diz Araújo.
Para Miguel Torres, presidente da Força Sindical, o movimento do MTST poderia ter tido mais articulação com outras entidades.
Ele diz que a manifestação pelo impeachment de Bolsonaro prevista para o dia 2 de outubro deve ser um esquenta para o protesto seguinte, no dia 15 de novembro.
com Mariana Grazini e Andressa Motter
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