Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

Teste positivo de Covid em farmácia cai pela 1ª vez após onda da ômicron

Apesar da desaceleração, janeiro ainda registrou o recorde absoluto de resultados positivos

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São Paulo

A explosão de demanda pelos testes de Covid-19 nas farmácias, que vinha crescendo desde novembro após a chegada da ômicron, registrou o primeiro recuo na última semana de janeiro, segundo os dados mais recentes da Abrafarma (associação do varejo farmacêutico), que vem monitorando o cenário desde o início da pandemia.

Apesar da desaceleração, janeiro ainda registrou o recorde absoluto de resultados positivos.

Na semana de 24 a 30 de janeiro, foram cerca de 637 mil testagens, uma queda expressiva se comparada com os mais de 740 mil da semana anterior.

O número de exames positivos também caiu de um patamar de quase 320 mil para aproximadamente 270 mil entre as duas últimas semanas de janeiro.

A queda anterior no total de casos positivos havia acontecido na última semana de novembro, quando o número de infectados girava em torno de 8.170.

Para a Abrafarma, a nova redução é um sinal positivo, mas ainda não representa o controle efetivo da pandemia.

Quando a ômicron foi detectada? Em 23 de novembro de 2021, cientistas começaram a chamar a atenção para uma variante com um grande número de mutações, principalmente na proteína S, usada pelo Sars-Cov-2 para entrar nas células humanas; na quarta (24), ela recebeu a classificação B.1.1.529. Na foto, pessoa passa pelo Memorial Nacional de Covid, em Londres . Reuters/Tom Nicholson - 28.nov.2021

Onde ela apareceu? O sequenciamento foi feito na África do Sul, o que não quer dizer que a variante tenha surgido lá: o país tem investido na vigilância da pandemia e no sequenciamento genético do coronavírus, o que aumenta suas chances de encontrar mutantes; a primeira amostra com a variante que se conhece foi coletada em Botsuana; na foto, aeroporto de Kuait com avisos de distanciamento para evitar contágio de Covid . /Asad - 28.nov.2021/Xingua

Porque ela foi chamada de ômicron? A OMS atribui letras gregas a mutações que considera variantes "de atenção" (que devem ter seus efeitos acompanhados) e "de preocupação" (que são mais transmissíveis ou causam mais danos, como a alfa e a delta, por exemplo); ômicron é a 15ª letra do alfabeto grego (clique no 'Leia mais' para saber por que ela pulou a 13ª e a 14ª). Na foto, manifestação durante referendo sobre certificado de Covid em Berna, na Suíça . /Arnd Wiegman - 28.nov.2021/Reuters

Por que os cientistas se preocuparam? Porque a variante tem muitas mutações, 50 no total, e mais de 30 na proteína S, usada pelo vírus para entrar nas células e, por isso, base na produção de vacinas; se sua estrutura é muito alterada, há preocupação de que os imunizantes percam eficácia contra ela. Na foto, avisos em janela de loja em Leipzig, na Alemanha, avisa que é preciso estar vacinado para entrar e a lotação é de seis pessoas. Reuters/Annegret Hilse - 28.nov.2021

Isso quer dizer que as vacinas não funcionam contra a ômicron? Estudos iniciais feitos em diferentes laboratórios sugerem que duas doses da vacina contra a Covid são insuficientes para barrar a ômicron, nova variante do coronavírus. Por outro lado, as análises mostram também que a aplicação de uma terceira dose restabelece bons níveis de proteção. Na foto, sinal vermelho em frente à OMC, que cancelou reunião por causa da nova variante, em Genebra, na Suíça . AFP/Fabrice Coffrini - 28.nov.2021

Por que a ômicron 'dribla' a vacina? As vacinas são desenvolvidas com base na sequência genética do coronavírus. Com isso, se uma nova cepa com mutações difere de forma significativa de variantes anteriores, existirá a chance de que ela escape das defesas do corpo. Na foto, enfermeiro prepara dose de vacina anti-Covid da Pfizer/BioNTech em Lyon, na França . AFP/Jeff Pachoud - 27.nov.2021

O que a OMS diz sobre a nova variante? A entidade considera que a ômicron representa um risco muito elevado. Teme-se que ela se propague mais rapidamente que a variante delta, infectando mais pessoas e sobrecarregando sistemas de saúde. Na África do Sul, por exemplo, a quantidade de novas infecções diárias disparou após a identificação da nova cepa no país. Além disso, há relatos de casos de reinfecção. Na foto, passageiros chegam a aeroporto de Tel Aviv, em Israel, que fechou suas fronteiras por causa da ômicron. AFP/Ahmad Gharabli - 28.nov.2021

Se ainda há muitas dúvidas, por que proibir viagens? Por precaução. Como a ômicron tem muitas mutações preocupantes, cientistas e governos tem preferido assumir o risco de ser cautelosos demais a esperar até ter todas as respostas. Na foto, passageiros passam por painel que indica voos cancelas em aeroporto de Johannesburgo, na África do Sul . AFP/Phill Magakoe - 28.nov.2021

A ômicron provoca quadros graves de Covid? Não há evidências que demonstrem isso, por enquanto. A maioria dos casos na Europa, segundo a OMS, apresenta sintomas leves. Outros infectados ficam assintomáticos. Na foto, cientistas da Universidade de Hong Kong conseguiram capturar pela primeira vez a imagem da variante ômicron do coronavírus com a ajuda de um microscópio.. HKU-MED/

Como se proteger da nova variante? As medidas de prevenção contra todas as variantes de Sars-CoV-2 são as mesmas: vacinar-se completamente, tomar o reforço quando oferecido, evitar aglomerações, proximidade física e lugares fechados, usar máscara quando o distanciamento não for possível, testar-se se tiver sintomas, avisar contatos e isolar-se. Se de fato as vacinas existentes forem menos eficazes contra a nova variante, será preciso reforçar as medidas não farmacèuticas de prevenção (máscara, distanciamento etc.). Na foto, funcionária fecha restaurante em Haarlem, na Holanda, que decretou toque de recolher . AFP/Olaf Kraak - 27.nov.2021

Já houve mortes por causa da ômicron? Sim. O Reino Unido foi o primeiro país a confirmar uma morte pela variante ômicron do coronavírus. No Brasil, o primeira óbito foi confirmado em 6 de janeiro de 2022, em Aparecida de Goiânia. A nova variante já representa 92,6% dos testes positivos para detecção de Covid no Brasil, indica levantamento feito por laboratórios do país. Na foto, vista aérea de covas fechadas no Cemitério Vila Formosa, em São Paulo. Folhapress/Mathilde Missioneiro - 27/abr.2021

com Andressa Motter e Ana Paula Branco

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