Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012
Indústria de pneus programa férias e levanta alerta de demissões
Setor pede ao governo Lula para reverter medida de Bolsonaro que zerou alíquota de importação
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Fabricantes de pneus programaram férias para março e abril e começam a falar na possibilidade de uma rodada de demissões caso o governo Lula não reverta a medida de Bolsonaro que zerou o imposto de importação do produto em 2021 em meio às ameaças de greve de caminhoneiros.
Com perda de mercado para os pneus de carga importados, o setor planeja expandir as medidas de corte de produção e pessoal. Ainda há, no entanto, uma expectativa de que a próxima reunião da Camex (Câmara de Comércio Exterior) solucione a questão na semana que vem, segundo Klaus Curt Müller, presidente-executivo da Anip (Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos).
Ele afirma que o novo governo deu sinais de sensibilidade ao tema.
"Nossa visão hoje é que esse governo é muito mais industrializante, sensível a renda e emprego. Queremos mudar esse horizonte rápido porque não queremos reduzir a produção nem desinvestir no Brasil. A nossa expectativa é positiva e esperamos não precisar seguir nessa rota, que é muito ruim para todos nós", diz Müller.
Márcio Ferreira, presidente do Sintrabor (sindicato dos borracheiros) afirma que os cortes vêm sendo segurados porque a mão de obra é difícil de treinar, mas que há receio de demissão entre os trabalhadores.
"A nossa esperança é que, com a reunião do dia 16 na Camex, volte a se cobrar a alíquota de importação de 16%, porque está entrando mais pneu importado do que o nacional que tem no Brasil. As empresas já estão programando férias individuais e coletivas. Emendaram a semana do Carnaval para diminuir a produção nas empresas de pneumáticos", diz Ferreira.
Joana Cunha com Paulo Ricardo Martins e Diego Felix
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