Siga a folha

Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

Falta de peças força seguradora a dar perda total e preços sobem

Presidente de associação das seguradoras afirma que situação deve elevar renovação de apólices

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Brasília

Antonio Trindade, 66, é um dos mais conhecidos executivos do mercado de seguros. À frente da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), ele monitora o que tem sido um pesadelo para empresas e consumidores: a demora na entrega de veículos acidentados.

O reparo tem demorado até seis meses e isso custa tanto que as seguradoras já preferem decretar a perda total.

Essa situação é reflexo da crise das montadoras?
A pandemia afetou toda a cadeia produtiva. Houve escassez de componentes. Faltam peças. Depois, veio a desaceleração econômica. Praticamente, todas as montadoras pararam ou encerraram a produção. A produção de carros novos caiu, aumentando o preço do usado entre 20% e 30%.

Antonio Trindade, presidente da FenSeg (Federação Nacional de Seguros Gerais) - Divulgação/FenSeg

Como isso afetou as seguradoras?
Quando indeniza um carro, elas ficam deficitárias. Em um sinistro parcial de veículos, há a vistoria, liberação do conserto, compra e entrega das peças, os reparos e a entrega ao segurado. A federação tem um núcleo que acompanha as associadas e monitora as entregas.

A demora é tão grande assim?
Entre janeiro e março, foram 235 mil sinistros de automóvel e, deste total, 7% sofreram com o atraso de peças. Nesse período, foram encomendas 40.700 peças. As dez principais montadoras representaram 91% desses pedidos. Em agosto, ainda faltavam 7.100 peças dessa leva para serem entregues.

São sofisticadas?
Para-choques, faróis. Não estou nem falando de componentes mecânicos. Falta o básico do básico.

Sem produção de carros novos, o usado ficou mais caro. Isso aumentou os gastos com o veículo reserva?
Muito. Em 2019, os clientes ficavam com um carro extra 11 dias, em média, enquanto as oficinas credenciadas aguardavam as peças. Hoje, são 25 dias, no mínimo. As seguradoras adorariam resolver rapidamente. Quanto mais rápido, menos se gasta com aluguel do carro reserva. Se uma peça vai levar dois, três meses, até seis meses para chegar, pagamos logo a perda total. Tem sido uma prática no mercado e espero que não vire um novo normal. A gente fica com o salvado e é vida que segue.

Mas essa conta não fica com vocês, certo?
Essas coisas são automaticamente repassadas. A avaliação é que a absorção deste custo pode impactar no preço das próximas renovações de seguro de veículo. De alguma maneira isso acaba ficando na mão do consumidor.


Raio-x | Antonio Trindade, 66

Formação: Administração com MBA pelo Insead

Carreira: Iniciou na SulAmérica, em 1977. Com mais de 40 anos de atuação com seguros, foi diretor-executivo da Itaú Seguros. Em 2015, assumiu a presidência da Chubb no Brasil e hoje preside o conselho de administração.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas