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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

Descrição de chapéu internet

Teles querem 'privatizar' a praia do Futuro, diz presidente de estatal no Ceará

Para executivo, operadoras miram reserva de mercado para área onde chegam cabos submarinos de internet

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Brasília

O presidente da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), Neuri Freitas, acusa as operadoras de telefonia e internet de tentarem criar uma reserva de mercado na praia do Futuro, onde chegam os cabos submarinos que conectam a internet do Brasil com o mundo.

Em entrevista ao Painel S.A., Fabio Andrade, vice-presidente de Relações Institucionais da Claro, afirmou que a obra de uma usina de dessalinização na referida praia pode romper os cabos e gerar uma pane geral na internet.

Presidente da Cagece, Neuri Freitas, na sede da empresa, em Fortaleza (CE) - 20.nov.2023-Rayane Mainari/Divulgação

Andrade disse que as teles foram surpreendidas com o projeto e que a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) determinou que a Cagece mantenha uma distância mínima de 500 metros entre os dutos da usina e os cabos das operadoras.

"Onde essas empresas estavam quando começamos a debater o projeto, em 2017?", questionou o executivo da Cagece. "O que elas querem é ‘privatizar’ a praia do Futuro só pra ganharem mais."

Freitas afirma que a usina resolverá um problema grave de falta de água na capital cearense.

No biênio 2015-2016, a cidade sofreu com uma seca violenta, que deixou o reservatório do Castanhão a 2% de sua capacidade total de 6,7 bilhões de metros cúbicos.

A Cagece precisou instituir uma tarifa extra de 120% sobre os moradores que não cumprissem a meta de consumo para economia de água naquele período.

"Esse projeto é justamente para que a gente não enfrente o mesmo problema nos próximos dois anos", disse Freitas. "Todos os estudos foram feitos, houve diversas audiências públicas, onde essas operadoras estavam?"

O presidente da Cagece disse ainda que já existem 1.204 pontos de cruzamento entre os dutos da empresa com os cabos submarinos das operadoras e, até hoje, não houve um único episódio de rompimento das fibras.

"Estão agora reclamando por causa de quatro pontos de intersecção."

Segundo o executivo, a transferência da usina para outras praias custará demais à população.

Pelos cálculos, se ela for instalada na praia de Sabiaguaba ficará cerca de R$ 100 milhões mais cara. Em Cumbuco, R$ 200 milhões. No Pecém, como alguns deputados aconselharam, R$ 500 milhões.

"A gente precisa ter essa água o mais próximo possível da nossa bacia hídrica", disse Freitas. "As teles vão pagar a mais para a nossa população ter água? O que é mais importante, água ou internet?"

Segundo ele, o governador do estado, Elmano de Freitas (PT), já deu aval para que o projeto siga em frente.

Com Paulo Ricardo Martins

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