Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012
Incidentes forçam Congonhas a vetar jatinhos em pista principal
Concessionária Aena, que administra aeroporto, quer autorização da Anac para que aviação executiva só opere em pistas secundárias
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A concessionária espanhola Aena, que administra Congonhas (SP), pediu autorização da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para proibir jatinhos na pista principal.
A medida foi tomada após diversos incidentes com aeronaves de menor porte que levaram à paralisação do aeroporto, cancelando voos e prejudicando milhares de passageiros. É o que afirma a empresa em ofício enviado para a Superintendência de Infraestrutura Aeroportuária (SIA) nesta sexta (4).
No documento, obtido pelo Painel S.A., a Aena relata que, somente na semana passada, Congonhas registrou três ocorrências com jatos e aviões de menor porte.
Em 29 de outubro, por exemplo, a aeronave Cirrus Vision teve o pneu esquerdo do trem de pouso estourado quando pousava. A pista ficou interditada por 50 minutos até que a aeronave fosse retirada.
Em 1 de novembro, às 19h50, um Piper Aircraft PA-42, procedente de Cuiabá (MT), também teve problemas com o trem de pouso durante a aterrissagem, às 19h50.
Não houve feridos. O avião realizava transporte aeromédico e o passageiro foi retirado imediatamente pela equipe médica do aeroporto, em segurança.
Contudo, a pista só foi liberada às 21h49 e o horário de funcionamento do aeroporto teve de ser estendido até 0h30 para que a operação das companhias aéreas fosse concluída.
Como resultado, 30 voos de partida e 43 de chegada foram cancelados. As operações só foram normalizadas às 9h do dia seguinte.
Em 03 de novembro, um jato executivo, modelo Cessna Citation, procedente de Estrela D'Oeste (SP) teve falha no sistema de freios durante a aterrissagem, às 16h13.
Os pousos e decolagens na pista principal foram retomados às 17h30. Houve 12 voos cancelados e 14 alternados para outros aeroportos em função do episódio.
"Os três eventos de interdição de pista em menos de uma semana, todos ligados à operação de aeronaves de aviação geral na pista principal, tiveram como consequência dezenas de voos cancelados e de alternados para outros destinos, com impacto a milhares de passageiros", escreve Kleber Almada Meira, diretor-executivo do aeroporto de Congonhas.
"Cabe ainda destacar que [esses eventos] não constituem fato isolado. Em outubro de 2022, uma aeronave de pequeno porte (PP-MIX) realizava pouso na pista principal, por volta das 13h30, quando o pneu do trem de pouso traseiro estourou e o avião ficou rente ao barranco no final da pista. Naquela ocasião, a pista foi liberada para pousos e decolagens apenas às 22h18 (quase 9h de interdição)."
No documento, a Aena informa que, nos três eventos, gastou 246 minutos para retirar os aviões, menos da metade do tempo de interdição do evento de outubro de 2022.
Consultada, a concessionária confirmou que pretende destinar a pista principal somente para aeronaves da aviação comercial e jatos de grande porte da aviação geral.
"Essa medida visa reduzir riscos e melhorar a eficiência operacional na pista principal", disse via assessoria.
Com Diego Felix e Paulo Ricardo Martins
Erramos: o texto foi alterado
Diferentemente do que foi publicado, Cuiabá fica em MT. A informação foi corrigida.
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