Deirdre Nansen McCloskey

Economista, é professora emérita de economia e história na Universidade de Illinois, em Chicago

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Elon, não se preocupe com a queda na população

O que importa para o florescimento humano é a inovação.

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As taxas de natalidade estão caindo em todo o mundo.

Hoje, no Brasil, o número médio de filhos por mulher durante os seus anos férteis é de apenas 1,66, bem abaixo dos 2,1 ou mais que, em longo prazo, manteriam a população estável.

Em 1950, como muitas crianças morriam e as mulheres tinham pouco controle sobre a fertilidade, esse número era superior a 6,0. Com melhores cuidados para os bebês, a invenção da pílula anticoncepcional e o movimento feminista, que trouxe mulheres mais instruídas para a força de trabalho em tempo integral, o dado havia caído para a taxa de substituição.

E continuou a cair, como em muitos outros países. Na Coreia do Sul, a taxa atual é de 0,81.

Os demógrafos calculam que a população mundial, atualmente de 8,1 bilhões de pessoas, começará a diminuir após um pico de cerca de 9,1 bilhões, por volta de 2060.

Os economistas, quando têm bom senso, dizem: "Não se preocupem". Os economistas sensatos disseram o mesmo na década de 1970, quando o pânico era em relação ao aumento da população mundial, não à sua diminuição.

Em 1968, Paul Ehrlich, que não era economista, previu em "The Population Bomb" [A bomba populacional] que estávamos condenados devido ao aumento da população. Essa ideologia, descendente de má ciência, como o malthusianismo e a eugenia, e depois exportada da Europa para países pobres, foi a causa de vários horrores, como a política do filho único na China, em 1979, a esterilização contínua até à década de 1970 de mulheres negras e hispânicas nos Estados Unidos e a esterilização compulsória de homens na Índia a partir de 1976.

Jovem pai com seus dois filhos em Xanghai, China - Aly Song/Reuters

Mas a taxa de crescimento foi suficientemente pequena para que a economia se adaptasse.

Desde a década de 1960, por exemplo, temos educado uma porcentagem muito maior da população do planeta, de modo que o aumento populacional é bom para os demais, não mau. Inventamos variedades anãs de milho, trigo, arroz etc., e estas transformaram um país como a Índia de um grande importador de cereais na década de 1950 em um grande exportador.

O mesmo se aplica à queda populacional que se aproxima. Vamos nos adaptar a ela.

Eu soube outro dia que Elon Musk, que parece saber muito sobre carros elétricos e foguetes espaciais, um pouco sobre redes sociais, mas nada sobre economia, acredita firmemente que o declínio populacional é um grande problema. Não é.

O que importa para o florescimento humano é a inovação. Continue inovando, Elon. Mas, se não quiser parecer tão tolo quanto Ehrlich, pare de pensar que entende de economia.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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