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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

Com pressão do governo por qualidade, elétricas perderam R$ 5 bilhões

Levantamento mostra que atrito de ministro com Enel gerou desconfiança de investidores

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Brasília

Quinze distribuidoras de energia, entre as 32 com ações na bolsa, perderam R$ 5 bilhões em dez dias devido à pressão do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, sobre a Enel, empresa responsável pelo atendimento em São Paulo e que enfrenta uma grave crise devido às interrupções do serviço.

No levantamento, feito pela Elos Ayta Consultoria, Eletrobras e Equatorial Energia foram as mais penalizadas pelos investidores, que venderam seus papéis diante dos embates do governo federal.

A Enel sofre pressão do governo por falhas no serviço com energia elétrica - Flavio Lo Scalzo - 05.fev.20/Reuters

Somente a Eletrobras, com quem a União trava uma disputa para ter mais poder de decisão, as perdas foram de R$ 3,2 bilhões no valor de mercado.

No caso da Equatorial, a queda nas ações gerou perdas de R$ 1,8 bilhão.

Segundo Einar Rivero, sócio da consultoria, o levantamento considerou as negociações entre 21 de março e 4 de abril —período da turbulência entre a Enel e o ministro.

Silveira já disse que pretende "arrancar até a última gotinha" dessas empresas para fazer a renovação dos contratos de concessão.

O ministro quis dizer com isso que exigirá muito mais pela entrega de mais qualidade na prestação do serviço. Ou seja: menos interrupções de fornecimento de energia e mais rapidez no restabelecimento quando isso ocorrer.

O chefe da pasta também pressiona a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para acelerar a apuração das falhas apresentadas pela Enel em São Paulo. Silveira defendeu a caducidade do contrato.

Segundo Adriano Pires, sócio-fundador do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), há vinte distribuidoras na fila da renovação, que começa no próximo ano pela EDP do Espírito Santo.

Pires considera que essa situação, apesar de seu caráter político, gera impacto nas renovações contratuais, especialmente em um cenário de mudança climática, com mais chuvas e tempestades —que ocasionam mais rompimentos de fios e queda de postes, como ocorreu em São Paulo.

"Esse tipo de situação gera derrota em eleição", disse Pires. "O irmão de Alcolumbre [senador Davi Alcolumbre] se candidatou à prefeitura de Macapá. Estava praticamente eleito no primeiro turno. Veio um apagão e ele perdeu."

Para ele, a concessão de energia é federal, apesar de ser prestada em municípios, o que ajuda a entender o que está por trás das declarações do ministro Silveira.

"Ele precisava dar uma resposta política para o que está acontecendo em São Paulo", disse Pires.

O problema, ainda segundo o consultor, é que esse posicionamento causou um efeito colateral: gerou desconfiança entre os atuais concessionários e o mercado em geral.

Com Diego Felix

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