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Não é ESG, é cultura

Ética e moral não são facilmente monetizáveis, mas todos pagamos quando são ignoradas

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Leonardo Letelier

CEO e fundador da Sitawi Finanças do Bem, pioneira no desenvolvimento de soluções financeiras para impacto social

Há algumas semanas, fomos todos pegos de surpresa por "inconsistências contábeis" nas Lojas Americanas. E, agora, descobriram trabalho análogo à escravidão em vinícolas no Rio Grande do Sul, que ficaram "horrorizadas" com o que acontecia em suas terras.

Várias pessoas apontaram —com razão— que nesses episódios faltou o G, de governança, do ESG, com falhas de conselho, auditores, comitês, entre outros. Também indicaram que faltou focar no "escopo 3" e avaliar as práticas trabalhistas de fornecedores. Mas esses são paliativos. Se alguém quiser fraudar um processo, vai conseguir, causando maior estrago por mais tempo, caso as instâncias e processos mencionados não funcionem bem. Mas vai conseguir.

Fachada da Lojas Americanas, na rua Direita no centro de São Paulo - Bruno Santos/Folhapress

O mundo do ESG (primo do ecossistema de impacto, no qual estou mais centralmente envolvido) ficou em polvorosa, com vários especialistas ressaltando a importância de se levar a sério a cartilha das chamadas boas práticas ambientais, sociais e de governança.

Elas e eles estão certos, mas, na minha opinião, essa não é a questão central. A questão central é que governança, selos e pareceres não substituem caráter.

Peter Druker disse que cultura come estratégia no café-da-manhã ("Culture Eats Strategy for Breakfast", no original) e acredito que esse deveria ser o centro de gravidade da discussão: que valores nossas empresas devem viver? Qual deve ser o "sul" moral de nossa sociedade, na qual estão inseridas as empresas?

Mas essas discussões são espinhosas: ética, moral, valores e cultura não são facilmente quantificáveis ou monetizáveis —ainda que, de vez em quando, tenhamos que pagar um alto custo por isso.

Falar sobre esses temas exige tempo para ouvir com atenção, disposição para reflexões mais profundas, reconhecer erros e limitações.

E ainda priorizar o longo prazo e o coletivo em detrimento do resultado capturado no trimestre e, principalmente, valorizar os outros, com suas necessidades e idiossincrasias nem sempre alinhadas às nossas.

Ninguém é perfeito ou dono da verdade absoluta. Mas todos podemos fazer mais: dedicar mais tempo para interagir com quem está fora de nossa bolha, consumir de, investir em e doar mais para organizações que compartilham nossos valores.

A instituição que lidero tem "Finanças do Bem" como parte do nome porque acredito que podemos e devemos guiar nossas escolhas —especialmente as financeiras, dado o inegável poder do capital— por algo maior do que nós.

E você, no que acredita?

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